Antes de a Fórmula 1 ser conhecida como Fórmula 1, as corridas na Europa eram reunidas em temporadas de grandes prêmios. O Grande Prêmio de Mônaco, por exemplo, entrou na F1 em 1950 e passou a ser disputado continuamente a partir de 1955, mas já foi realizado entre 1929 e 1937, com uma prova também em 1948.
Esta prova de 1929 marcou a única vitória de William Grover-Williams no principado. O britânico teve carreira de relativo sucesso entre 1926 e 1936, com vitórias também em provas disputadas na França e na Bélgica a bordo de carros da Bugatti. Mas teve um fim trágico.
A prova de 1929 reuniu 16 pilotos da Europa, mas com nomes menos conhecidos do público atual – o mais destacado talvez fosse o alemão Rudolf Caracciola, astro da década de 1930 que conquistou três vezes as temporadas de grandes prêmios. Naquela corrida em Monte Carlo, Caracciola foi o terceiro colocado, atrás de Williams e do romeno Georges Bouriano.
Veio a Segunda Guerra Mundial, em 1939. No ano seguinte, a Alemanha invadiu a França. Filho de pai inglês e mãe francesa, Grover-Williams se alistou ao exército britânico e foi recrutado pela Executiva de Operações Especiais para integrar a espionagem da Resistência Francesa, já que era fluente tanto em inglês quanto em francês. Ao lado do também piloto Robert Benoist, Grover-Williams integrou operações de sucesso na região de Paris, sabotando diversas ações da ocupação germânica.
No entanto, em 2 de agosto de 1943, o piloto britânico foi capturado pelos nazistas, sendo mandado para o campo de concentração de Sachsenhausen. Em 1945, aos 42 anos, foi morto pelos alemães – a data documentada seria 18 de março, “ou pouco depois”. No mês seguinte, o campo de concentração foi libertado por forças soviéticas e aliados.
William Grover-Williams foi posteriormente reconhecimento por autoridades militares de França e Inglaterra por seus feitos na Segunda Guerra Mundial. No automobilismo, seu feito de 1929 é lembrado com uma estátua em Monte Carlo, visível na entrada da capela de Santa Devota – justamente o templo que dá nome à curva 1 da pista até hoje, a Sainte-Devote.
Emanuel Colombari
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.