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Senna poderia ter sido companheiro (e chefe) de Rubinho na Jordan

Emanuel Colombari

Imagem: Montagem

Rubens Barrichello sempre chamou Ayrton Senna pelo respeitoso apelido de "Chefe". Mas, em um universo paralelo, Rubinho poderia ter tido Senna de verdade como chefe - e, ao mesmo tempo, companheiro de equipe.

A possibilidade foi cogitada em 1993, ano de estreia de Barrichello na Fórmula 1 pela Jordan. Na época, Eddie Jordan, o dono da equipe que levava seu sobrenome, sonhou com a contratação de Senna para assumir um dos carros.

Em maio de 2023, em entrevista ao podcast Formula for Success, Eddie Jordan foi perguntado sobre quem seria o principal piloto que ele poderia ter contratado e não contratou. E foi quando revelou que poderia ter contado com Ayrton Senna, em uma negociação bem peculiar.

Este capítulo da história começou no segundo semestre de 1993, quando Senna estava na McLaren. Na ocasião, o tricampeão conversou com o dirigente irlandês, que ofereceu ao brasileiro metade da própria escuderia como parte do acordo.

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"Ele estava desiludido na McLaren. Foi antes de ele ir para a Williams (em 1994). Ele estava infeliz", afirmou Eddie Jordan. "Acredite ou não, mas eu ofereci a ele 50% (da equipe), livre de custos, para vir e pilotar pela Jordan. Mas ele precisaria ficar como dono - porque eu acreditava que, com Senna na equipe, o valor de fato da equipe iria mais do que dobrar."

Para o irlandês, abrir mão dos próprios investimentos na Jordan poderia até parecer um movimento arriscado, mas as chances de sucesso - comercial e esportivo - compensavam.

“Se eu tenho um cara como Senna no meu carro, na minha equipe... O reconhecimento da equipe, o patrocínio que chega iriam se multiplicar por uma quantidade incrível", afirmou.

Ao podcast, Eddie Jordan não falou sobre um possível companheiro de equipe para Ayrton Senna. Mas a principal alternativa ao favorito Rubens Barrichello - titular em todas as corridas do time entre 1993 e 1996 e bastante próximo do tricampeão - seria Eddie Irvine, com quem Senna se desentendeu no GP do Japão de 1993. Nomes como Thierry Boutsen, Ivan Capelli, Marco Apicella, Emanuele Naspetti, Aguri Suzuki e Andrea de Cesaris, todos com passagens pela Jordan entre 1993 e 1994, provavelmente correriam por fora.

Procurado pelo blog, Rubinho afirmou não conhecer a história, mas indicou que a parceria com o tricampeão seria mais do que bem-vinda. “Correr com o Ayrton seria correr com o chefe, com certeza”, resumiu.

Sonho antigo

Curiosamente, a frustração por parte de Eddie Jordan não foi inédita. Ayrton Senna poderia ter corrido para o irlandês dez anos antes, na temporada 1983 da Fórmula 3 britânica.

Na ocasião, o brasileiro foi campeão correndo pela West Surrey Racing, chefiada pelo neozelandês Dick Bennets. A Eddie Jordan Racing, por sua vez, deu o vice-campeonato a Martin Brundle. No ano seguinte, tanto Senna quanto Brundle estavam no grid da Fórmula 1.

"A gente soube disso", afirmou Reginaldo Leme, comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação. "Mas o Eddie Jordan tinha como piloto o Martin Brundle, que acabou sendo o maior rival do Senna o campeonato todo - inclusive na última corrida, disputando com chances de ser campeão. Mas o Senna era muto dedicado ao Dick Bennets, corria pela equipe do Dick Bennets, já tinha feito alguns campeões, e ele preferiu ficar."

Fundada em 1981, a West Surrey Racing foi campeã da Fórmula 3 britânica com nomes como Jonathan Palmer (1981), Maurício Gugelmin (1985), Mika Hakkinen (1990) e Rubens Barrichello (1991). No título de 1993 pela equipe, Senna venceu Brundle por nove pontos (132 a 123), graças a uma vitória na última etapa do ano, em Thruxton.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.

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