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Max Wilson estaria no grid da Fórmula 1 em 2000; em cima da hora, perdeu a vaga

Emanuel Colombari

Imagem: Stock Car Pro Series/Site oficial

No fim da década de 1990, o Brasil tinha uma geração talentosa na Fórmula 3000, então último degrau antes da Fórmula 1. Nomes como Cristiano da Matta, Ricardo Zonta, Bruno Junqueira, Mario Haberfeld, Ricardo Maurício e Enrique Bernoldi dividiam as pistas com rivais como Juan Pablo Montoya, Nick Heidfeld, Gonzalo Rodríguez, Stéphane Sarrazin e Jason Watt, entre outros.

A lista contava também com Max Wilson. Vice-campeão da Fórmula 3 Sul-Americana em 1995 (o título daquele ano ficou com Ricardo Zonta), Max disputou a F-3000 entre 1997 e 1999, e com bons resultados. Logo em seu primeiro ano, foi o quinto colocado, com três pódios em dez etapas. Não chegou a vencer corridas, mas foi o segundo colocado em Hockenheim e Spa-Francorchamps.

Em dezembro daquele ano, testou pela primeira vez com a Williams, e agradou: virou piloto de testes do time na Fórmula 1 em 1998. Aos poucos, as portas da F-1 pareciam se abrir para o brasileiro.

“Montoya e eu éramos os pilotos de testes, e eu ainda trabalhei com o Patrick Head, que era o Adrian Newey daquela época, o cara que projetava carros espetaculares. A Williams, naquela temporada, vinha como equipe campeã (em 1997), uma equipe dominadora. Foi um aprendizado muito grande para mim, uma experiência maravilhosa. Não só estar pilotando um carro de Fórmula 1, mas naquela época o melhor carro da atualidade. Foi uma grande honra para mim, um privilégio. Aprendi muita coisa com essa experiência”, conta Max, hoje comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

Nono colocado da F-3000 em 1998 e oitavo em 1999, com a experiência como piloto de testes da Williams, Max viu as portas da Fórmula 1 se abrirem para ele. Para 2000, a Minardi havia demonstrado interesse em contratar o brasileiro para ocupar a vaga deixada por Luca Badoer no final de 1999. O espanhol Marc Gené, responsável pelo único ponto do time em 1999, seria mantido.

Gené ainda era apoiado pelo patrocínio da Telefónica, que tinha interesse no mercado sul-americano - por isso, queria um piloto do continente para correr ao lado do espanhol. Os principais nomes eram o brasileiro Max Wilson e o argentino Norberto Fontana. E Max levou a melhor.

Ou quase: em cima da hora, Gastón Mazzacane entrou na briga. O argentino não encheu os olhos de ninguém na Fórmula 3000 entre 1996 e 1999 (o melhor desempenho veio em 1998, na 28ª posição com apenas dois pontos), mas trazia o patrocínio do canal de TV por assinatura PSN. Com suporte financeiro e atendendo às expectativas sul-americanas da Telefónica, furou a fila e ganhou a vaga na Minardi para 2000.

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“Eu realmente tinha um contrato apalavrado com a Minardi para correr na Fórmula 1 na temporada de 2000. Acabou que, no último minuto, veio um piloto da Argentina chamado Gastón Mazzacane, um piloto que eu já conhecia, com um grande patrocinador, e acabou tirando minha vaga, digamos assim. A Minardi, por ser na época a menor equipe da Fórmula 1, essa parte financeira que o Mazzacane trouxe para a equipe acabou fazendo com que eles tivessem que me dispensar e colocar o Mazzacane”, lembra Max.

“Obviamente, para mim, aquele momento foi um momento muito difícil. Depois de tanta luta para chegar na Fórmula 1, quando você tem um acordo verbalmente feito, era só questão de assinar um contrato; de repente, de uma hora para a outra acontece isso... Em um primeiro momento, foi muito difícil. Além disso, eu era jovem (27 anos) quando isso aconteceu. Ao mesmo tempo, acredito que, quando as coisas não são para ser, elas não são.”

Gastón Mazzacane na Minardi em 2000 (Imagem: Minardi)

A frustração logo foi superada. Em 2001, Max Wilson foi correr na CART (então uma das “metades” da Fórmula Indy). Depois, esteve na Austrália disputando a V8 Supercar de 2002 a 2008. Em 2009, voltou ao Brasil para disputar a Stock Car – e foi campeão em 2010.

“Graças a Deus, a gente está falando da temporada de 2000. Eu continuei sendo piloto profissional e sou até hoje. Se não aconteceu naquele momento, talvez não era para acontecer. Obviamente, durante um período, fiquei com essa frustração. Mas depois dei sequência na minha carreira, graças a Deus corri em outras categorias que foram muito boas, tanto profissionalmente falando quanto pelo lado pessoal. Se eu reclamar de alguma coisa de minha carreira como piloto, eu vou estar sendo injusto. Só posso agradecer a Deus por todas as oportunidades que eu tive”, avaliou.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.

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