Em cinco temporadas na Fórmula 1, a Caterham jamais conseguiu atingir as expectativas iniciais criadas a seu respeito. Surgida em 2010 para tentar reativar a história da tradicional Lotus, nem sequer conseguiu pontuar em suas duas primeiras temporadas. Mudou de nome em 2012, adotando a marca da montadora Caterham Cars, mas permaneceu zerada e fechou as portas no fim de 2014.
Mas já na temporada final, quando vivia um grave momento financeiro, a Caterham foi protagonista de uma notícia inesperada: o time poderia ter Rubens Barrichello a bordo de um de seus carros para a disputa do Grande Prêmio do Brasil de 2014.
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Rubinho havia se aposentado da Fórmula 1 no fim de 2011, correndo pela Williams. Na última prova da carreira, também no Brasil, largou em 12º e completou em 14º. Nos anos seguintes, dividiu-se entre a Fórmula Indy e a Stock Car.
Até que veio o rumor da Caterham. Em crise, a equipe buscava fundos e patrocinadores para pelo menos conseguir disputar a reta final da temporada. Nomes como Jolyon Palmer, Max Chilton, Alice Powell, André Lotterer e Roberto Merhi, entre outros, foram cotados para os dois carros do time – caso, é claro, conseguissem correr as etapas de Estados Unidos, Brasil e Abu Dhabi.
Rubinho foi um dos cotados. E, aos 42 anos, topou correr pela equipe para se despedir de vez da Fórmula 1. O problema: a equipe não conseguiu dinheiro suficiente para a reta final da temporada. Assim, ficou ausente em Estados Unidos e Brasil, correndo apenas em Abu Dhabi.
“Em 2014, quando eles falaram um pouquinho de como seria., eu me prontifiquei a correr. Mas a equipe teve algum tipo de problema, eu não lembro mais. A equipe não veio a Interlagos. A realidade é que não houve a chance, porque eles tiveram algum tipo de problema. Falta de dinheiro, alguma outra coisa”, contou Rubinho em entrevista ao blog.
Seria a chance para um adeus oficial, o que Rubinho não teve em 2011. “Eu diria nem que era uma segunda despedida, porque não teve uma despedida. Em 2011, (o GP do Brasil) foi a última prova, e eu tinha certeza de que 2012 eu estaria correndo. Tinha contrato assinado e tudo. De última hora, aconteceram várias coisas, e o dinheiro prevaleceu na Fórmula 1, como a gente tem visto nos tempos modernos”, afirmou.
‘Quem não toparia?’
E nem mesmo o fato de estar na pista por uma equipe pouco competitiva como a Caterham tiraria a motivação de Rubens Barrichello – à época, com 42 anos. No fim, o time correu apenas em Yas Marina, contando com Kamui Kobayashi (titular ao longo do ano) e Will Stevens (que assumiu o posto anteriormente ocupado por Marcus Ericsson).
“Quem não toparia uma prova em Interlagos como despedida? Eu estou lá toda hora com Stock Car, com alguma coisa. Mas falta sempre um gostinho de falar um tchau para o público”, admite.
Embora tenha marcado a despedida de Rubinho à Fórmula 1 depois de quase duas décadas na categoria, o GP do Brasil de 2011 não é o mais marcante para o ex-piloto de Jordan, Steward, Ferrari, Honda, Brawn e Williams. Para ele, o mais marcante foi o de 2009, quando terminou em oitavo com a Brawn após largar na pole position. Foi a última das 14 poles do brasileiro na categoria.
“A corrida de Interlagos (em 2011) foi com um carro que eu classifiquei até bem, mas a gente não teve uma prova muito competitiva”, explica. “A minha memória mais marcante mesmo foi aquela pole position de 2009, na chuva, três horas parado, ninguém sabendo o que ia acontecer. Aquela é uma memória muito marcante.”
De volta aos microfones
Em 2021, Rubinho volta à Interlagos para a Fórmula 1, mas na condição de comentarista da Band. A posição não chega a ser novidade – ele já foi comentarista da F1 na Rede Globo entre 2013 e 2014. Mesmo assim, mantém a animação de um novato, especialmente reencontrando nomes como Sergio Maurício, Reginaldo Leme, Mariana Becker, Felipe Giaffone e Max Wilson.
“É uma alegria muito grande. Um dos momentos de mais adrenalina fora do carro foram meus momentos ao vivo como comentarista no grid, até com a própria Mariana em muitas vezes. Fico muito feliz de poder estar de volta com essa sensação”, afirmou.
“Tenho dois irmãos, no Max Wilson e no Felipe Giaffone, que farão com que a gente forme um trio bem legal – além do Reginaldo e do Serginho, que são maravilhosos e que com certeza trarão um brilho enorme para o nosso momento Fórmula 1.”
Emanuel Colombari
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.