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Do carro 'estacionado' à batida diante do público: Caio Collet lembra primeira oportunidade com um Fórmula 1

Emanuel Colombari

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Caio Collet em exibição da Renault em São Paulo no fim de 2019 (Imagem: Renault/Divulgação)

Andar em um carro de Fórmula 1 pode ser uma experiência complexa, mesmo para quem já tem experiência no automobilismo.

Em 2019, aos 17 anos, Caio Collet teve a chance de estrear em um bólido do tipo. Então em sua primeira temporada na Renault Sports Academy (atual Alpine Academy), o paulistano vinha de bons resultados em categorias de formação – havia sido campeão da Fórmula 4 francesa em 2018, além de ter disputado provas da F-4 nos Emirados Árabes e na Alemanha.

A oportunidade acabou pintando no fim da temporada da Fórmula Renault. Após dois terceiros lugares na rodada dupla de Hockenheim (5 e 6 de outubro), Caio foi procurado pelo diretor da academia da Renault, Mia Sharizman, para falar sobre a chance que teria.

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“Na academia, acho que as coisas funcionam muito por meritocracia. Basicamente, é a regra lá. Depois do meu melhor final de semana em 2019, que acho que tive dois pódios em Hockenheim, o chefe da academia me puxou e falou: ‘Como você teve bons resultados e tudo mais, vou te dar um presente’”, contou Caio, em entrevista a mim e ao amigo Pedro Lopes, na Band.

O "presente" tinha algo a mais em mente. Em novembro daquele ano, durante a preparação para a semana do Grande Prêmio do Brasil, a Renault queria que Caio participasse de um evento promocional em São Paulo pilotando o E20, modelo utilizado pela equipe Lotus na temporada 2012 da Fórmula 1, mas já com as cores assumidas pela equipe francesa em 2019. Como preparação, Caio ganhou algumas voltas no circuito de Paul Ricard, na França.

Imagem: Renault F1/Divulgação

“Eu peguei um dia em Paul Ricard, onde eles sempre fazem um track day. A própria Winfield (tradicional escola francesa de pilotagem) faz um track day, em que eles convidam algumas pessoas e fazem você pular de um Fórmula 4 em um Fórmula 3, depois em um Fórmula 1. É meio que um evento. No final desse evento, o dia inteiro, eles me colocaram lá para dar três voltas e praticar uns zerinhos, para eu não chegar muito despreparado em São Paulo.”

Acostumado a andar com carros que não chegavam a 400 hp de potência, Caio assumiu um carro equipado com um motor de cerca de 750 hp. E logo se impressionou com o que tinha em mãos.

“Foi realmente surreal. Acho que eu não fazia ideia. Principalmente o freio, é um negócio absurdo. Eu andei em Paul Ricard, já tinha andado lá de Fórmula 4, de Fórmula Renault. Na curva 1, você freia um pouco depois dos 100 (metros). Na minha cabeça, na primeira volta, pensei: ‘Vou frear nos 50 (metros), acho que dá’. Fui frear nos 50, eu quase estacionei”, contou, rindo.

Chegada a hora de pilotar o carro da Renault, em 9 de novembro, Caio se deparou com milhares de fãs da Fórmula 1 que enchiam as ruas na região do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Só que a empolgação foi tanta que ele acabou passando um pouquinho dos limites e bateu o carro.

Imagem: Renault F1/Divulgação

No local designado para a apresentação, Caio tinha três espaços para se apresentar. Em dois deles, havia espaço suficiente para o chamado zerinho – a manobra no qual o carro gira 360 graus, geralmente a partir de um eixo imaginário na parte dianteira. O terceiro espaço era menor, suficiente apenas para girar 180 graus.

“Só quebrei um pouquinho a asa, consegui continuar depois. Eu fui tentar inventar um pouquinho”, contou. “Não tinha espaço para dar o zerinho. Só que eu estava animado, empolgado, falei: ‘Ah, dá para ir’. Só que não dava. Acabei batendo e quebrei a asa”, lembrou.

Diante do público e de representantes da Renault, Caio pagou o preço pela empolgação, e admite que ficou sem jeito.

“Na hora, não sabia onde enfiar minha cabeça. Fiquei tão baixinho no cockpit, ficou um silêncio. Eu estava com o carro de 2012, um p... motor, fazia um p... barulho. Quando o motor desligou e bateu, ficou um silêncio absurdo, não sabia onde enfiar a cara”, descreveu.

“O pior é que eu tinha que fazer de novo – eram três saídas, eu bati na minha segunda e tinha que fazer mais uma. (Mas) para a terceira, eu fiz tudo como o protocolo mandava, coloquei o pé para fora”, completou.

Imagem: Renault F1/Divulgação

Nada que tenha arranhado a relação entre Caio Collet e a Renault, é claro. Em 2020, em sua segunda temporada na F-Renault, foi vice-campeão. Em 2021, subiu para a FIA Fórmula 3.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.

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