A Fórmula 1 vai mudar bastante nos próximos anos. Em 2026, junto com um novo regulamento, a categoria abre as portas para a volta da Ford, que será parceira da Red Bull no desenvolvimento de motores. Com ela, chega também a Audi, marca da Volkswagen que assumirá a Sauber.
Mas além do que já se sabe, muita coisa ainda pode acontecer. A Andretti tenta de todas as maneiras uma vaga no grid, enfrentando a resistência (financeira) das demais equipes. A Panthera também é mais uma equipe que sonha com a F1. A Porsche está mais distante de uma volta, enquanto a Hyundai chegou a ser especulada.
Em meio ao turbilhão de especulações, um nome tem ganhado força nos últimos tempos: Calvin Lo, um discreto bilionário de Hong Kong que cogita uma entrada na F1 a curto prazo.
“Estou tendo discussões sérias a respeito de um envolvimento agora”, disse Lo em entrevista ao jornal britânico The Independent, diante de uma papelada que atestaria as conversas. “Há de fato algumas propostas na minha frente agora, para que eu veja como posso participar.”
Diretor-executivo da R.E. Lee International, a maior empresa de seguros de vida do mundo, e fundador da R.E. Lee Capital, empresa do ramo de gerenciamento de ativos financeiros, Calvin Lo tem uma fortuna avaliada em US$ 1,7 bilhão (mais de R$ 8,4 bilhões). Herdeiro de uma abastada família de Hong Kong, Lo já marca presença na F1 através de investimentos na Dorilton Capital, empresa dona da Wlliams.
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Agora, Lo mira um voo solo na categoria. E admite buscar a possibilidade de investir em uma equipe própria a curto prazo.
“A Fórmula 1 precisa de mais equipes. Há talentos demais no automobilismo para não termos mais equipes”, afirmou. “Eu adoraria estar financeiramente envolvido.”
O principal obstáculo neste momento para Calvin Lo (ou para qualquer equipe) é bem conhecido: a Fórmula 1 exige um pagamento de US$ 200 milhões a título de inscrição para qualquer interessado oficial, valor que é dividido entre as equipes que atualmente formam o grid.
Além disso, as chances do bilionário são pequenas neste momento, uma vez que a janela de inscrições aberta pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em 2023 se encerra no dia 21 de maio – dois dias após a publicação da entrevista no The Independent.
Mas os obstáculos não parecem problema. Para Lo, a principal questão seria desenvolver uma equipe que conseguisse gerir recursos financeiros próprios para evitar um endividamento – uma questão que poderia exigir dinheiro do bolso do empresário para evitar um fechamento precoce.
“Colocar dinheiro na equipe não é a parte difícil. É garantir que ela seja sustentável. Caso contrário, seria embaraçoso para todos. É muito complicado, mesmo com um grupo de pessoas estabelecido, com todos os patrocínios e detalhes”, diz o bilionário.
O jornal especula uma possível parceria de Lo com a Panthera, equipe que sonha com uma aprovação para 2026. O empresário despista, mas vê com bons olhos o fortalecimento do mercado da Ásia na F1.
“Há muito potencial nesta parte do mundo. Seria muito vantajoso para a comunidade asiática e para o ecossistema da F1”, analisa. “Para tornar a F1 realmente global, não podemos esquecer esta parte do mundo”, acrescenta.
O projeto, diz, não é o sonho de um bilionário extravagante. A prioridade é fortalecer a presença da Ásia na Fórmula 1 e vice-versa.
“Eu adoraria ter uma equipe asiática, com sede no delta do Rio das Pérolas (uma das regiões mais ricas da China). As primeiras temporadas seriam duras, mas é importante para o esporte ter mais exposição e compromisso aqui”, alega.
“Seria ótimo ter uma academia (de desenvolvimento) aqui. Recrutar talentos não apenas para a F1, mas também para a aeronáutica e para questões legais. Para pessoas jovens, ser exposto a esse tipo de mundo é algo que muda a vida.”
Para Lo, a ideia é investir na equipe, e não em um projeto pessoal. “Se eu chegar à Fórmula 1, vocês não vão me ver”, garante. “Não é meu estilo.”
Emanuel Colombari
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.