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Até onde Max Verstappen pode chegar depois do tricampeonato na Fórmula 1?

Emanuel Colombari

Imagem: Getty Images/Red Bull Content Pool

Max Verstappen foi campeão de Fórmula 1 em 2021. E bicampeão em 2022. E tricampeão em 2023.

E depois disso?

Não há dúvidas: nos últimos três anos, o holandês da Red Bull se tornou o nome a ser batido na F1, superando nomes como Sergio Pérez, Charles Leclerc, Carlos Sainz, Lando Norris, Fernando Alonso e, principalmente, Lewis Hamilton. Agora, resta saber até quando vai o reinado de Verstappen.

Uma perspectiva é imaginá-lo como favorito pelo menos até 2025, já que a categoria adotará um novo regulamento a partir de 2026. Mudanças de regulamentos costumam ter impactos no equilíbrio de forças da Fórmula 1, como visto em 2014 e 2022. Pode acontecer de novo?

Com o jogo mais uma vez voltando à estaca zero, as outras equipes podem tentar virar o jogo contra a Red Bull. Mas nada impede que a Red Bull acerte em cheio novamente e inicie uma nova era de domínio a partir de 2026. Aí, Max Verstappen reinaria soberano.

A curto prazo, é prudente imaginar que o holandês brigará pelo tetra em 2024 e pelo penta em 2025. Aí então haverá um divisor de águas: brigará por um eventual hexacampeonato a partir de 2026 ou vai se contentar em virar coadjuvante frente à ascensão de um rival?

O próprio Max Verstappen, cujo contrato com a Red Bull vai até 2028, já deu declarações a respeito do futuro. Em agosto de 2023, ao jornal holandês De Telegraaf, o piloto afirmou não imaginar uma grande queda de rendimento da equipe a partir de 2026 – e caso aconteça, ele provavelmente vai preferir fazer outra coisa.

“Não imagino que uma equipe caia tanto, com tanta gente boa andando conosco”, afirmou na época. “Mas, de fato, não me vejo correndo no pelotão intermediário por três anos. Aí eu prefiro ficar em casa.”

Em novembro, à revista Time, o discurso foi parecido. A meta não é se tornar o piloto mais vencedor da história, detentor de recordes e números. Para o holandês, a prioridade é estar na Fórmula 1 enquanto a experiência é boa para ele.

“Eu gostaria de vencer sete (títulos mundiais)? Sim, por que não?”, afirmou. “Mas mesmo que eu não vença sete, eu sei que há muitas mais coisas na vida além da F1. Eu já sou feliz com o que eu alcancei.”

Dito tudo isso, o blog foi ouvir diferentes opiniões a respeito do futuro de Max Verstappen. Como vai ser 2024? E 2025? E depois disso? Confira:

Sergio Mauricio (narrador da F1, Band)

“Acho que o céu é o limite para ele. Ou até mais – a estratosfera é o limite. A gente sempre ficava achando: quando o Fangio ganhou os cinco títulos, quem é que vai suceder? Aí veio o Schumacher, e veio o Hamilton. E o Max vem muito mais jovem que esses todos, com 26 anos apenas, tricampeão do mundo, em uma equipe que dá a ele toda a possibilidade de ser campeão. Não tenho dúvidas de que só o céu é o limite para ele.”

Max Wilson (comentarista da F1, Band)

“Eu acho que, enquanto ele tiver um carro competitivo, ele vai ser um piloto a disputar títulos, porque ele é um dos melhores da categoria. Mas a gente sabe também que, independente da qualidade do piloto, ele tem que ter um carro competitivo. O Hamilton, que ganhou sete títulos, faz dois anos praticamente que não ganha uma corrida. Então, obviamente, o Verstappen tem que ter um carro competitivo para continuar acumulando números.”

Mariana Becker (repórter da F1, Band)

“Obviamente que a gente espera essa briga por títulos, a gente espera campeonatos mais competitivos pela liderança. Mas acho que onde o Max pode chegar é até onde a paciência dele limitar. Eu me lembro quando o Alonso fez 40 anos, e ele diz que não se vê aqui com 40 anos, com certeza. Eu acho que o que limita o Max não é tanto a capacidade técnica dele, mas a paciência, o tempo que ele ainda vai ter. Paciência e prazer de estar por aqui. Ele é um cara super ligado só a corrida; o resto que envolve a corrida, para ele, é uma coisa que ele tem que fazer porque é profissional. Não é um cara que gosta muito de badalação. Para ele, isso é uma coisa que ele encara só de maneira profissional, não faz parte dos prazeres dele. Acho que, enquanto ele tiver prazer e paciência, ele fica. Não vejo ele movido por números, tipo ‘eu quero ser oito vezes campeão, quero ser nove veze campeão’. Acho que ele é movido pelo prazer e pela paciência.”

Alessandra Alves (comentarista da Band News FM)

"Sempre que me pedem para fazer uma análise sobre um piloto que esteja em atividade ainda, eu costumo dizer que uma anáslie completa só é feita em perspectiva, principalmente depois que esse piloto já encerrou a carreira e a gente consegue ver tudo aquilo que ele consquistou nos anos em que ele esteve na Fórmula 1. Eu acho que isso vale para o Max Verstappen também, principalmente porque ele ainda é um piloto muito jovem - ele tem 26 anos, ele já é tricampeão do mundo, mas ele ainda vai construir uma jornada. Hoje em dia, a gente vê pilotos como Fernando Alonso, já com 42 anos, e se o Verstappen tem 26, talvez a gente ainda tenha Max Verstappen na Fórmula 1 por 15 anos, talvez. Ainda existe uma hsitória a ser construída por ele, mas acho que não é arriscado dizer que ele é um dos grandes pilotos de todos os tempos porque, apesar de ser muito jovem, a gente já consegue olhar em perspectiva alguns aspectos da carreira dele que o colocam como um fora de série.  O Verstappen sempre superou os companheiros de equipe dele, e eu acho que essa é a comparação mais objetiva que se pode fazer em relação a um piloto em qualquer categoria. E ele muito jovem assombrou o mundo quando ele assumiu o posto de titular da Red Bull e ja ganhou a primeira corrida que ele disputou nessa equipe. É claro que ele foi favorecido por uma batida entre Hamilton e Rosberg naquele GP da Espanha de 2016; mas, de qualqer maneira, conseguir estrear numa equipe de ponta com vitória não tendo receio, não sendo intimidado pela posição é algo que dá uma impressão muito forte de que a gente tá diante de um extrassérie. O que aconteceu com o Verstappen lá em 2016 me lembra, por exemplo, o que aconteceu com o Schumacher em 1991, quando ele assumiu um carro que não era um carro de ponta - no caso, um carro da Jordan - e conseguiu largar na sétima posição naquela corrida, GP da Bélgica de 1991. Olhando hoje em perspectiva, para os mais jovens pode parecer: 'ah, largar em sétimo não é grande coisa'. Era grande coisa para o Schumacher largar em sétimo com uma Jordan há trinta e poucos anos, da mesma forma como foi para Verstappen fazer o que ele fez já no seu GP de estreia pela Red Bull. E depois, tendo um casamento muito feliz com um carro de outro planeta, como a gente costuma dizer quando a gente tem um carro que tem um amplo domínio sobre os demais, a gente percebe que o Verstappen se colocou numa posição de muita eficiência, de raramente errar. Acho que não é exagero dizer que Max Verstappen é, sim, um fora de série."

Marcos Júnior Micheletti (editor de automobilismo do portal Terceiro Tempo)

“Eu acho que o ano que vem é um ano tranquilo para ele ganhar o tetracampeonato. Eu não vejo que essa crescente da McLaren possa ser suficiente para que ela entre na luta pelo título. Continuando na Red Bull depois – imagino que ele vá continuar, o contrato dele é longo –, eu gostaria muito que ele assumisse um novo desafio. O Vettel (antes de ir para a Ferrari) foi um tetracampeão, conseguiu quatro títulos na Red Bull também, como o Max provavelmente vai conseguir, salvo alguma derrapada no meio do caminho. Eu gostaria de vê-lo em uma outra equipe também. Acho difícil que ele seja superado em 2024.”

Opinião do blog

Max Verstappen vai brigar por títulos ainda por alguns anos – deve encerrar 2025 como pentacampeão. Mas não imagine do holandês um perfil como o de Fernando Alonso ou de Michael Schumacher, contratados a peso de ouro para capitanear projetos de equipes que pretendem chegar ao topo. Se a Red Bull não entregar carros competitivos para ele entre 2026 e 2028, apenas algumas ofertas muito vantajosas (técnica e financeiramente) podem levá-lo a outros times. Do contrário, não seria surpresa vê-lo curtindo provas do WEC ou de ralis a partir de 2029.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.

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