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Carros aposentados pela Fórmula 1 seguem na ativa com a Boss GP; conheça

Emanuel Colombari

Imagem: SMW Media

O fim de uma temporada da Fórmula 1 costuma também encerrar a vida útil dos carros utilizados ao longo do ano. A partir daí, os modelos costumam ir para as garagens das equipes, com dois destinos principais: uso em testes ou exibição em museus.

Mas há exceções, é claro. Há carros que vão parar em escolas de pilotagem, há carros que vão para exibições históricas... E há a Boss GP.

Criada em 1995, a Boss GP – sigla para “Big Open Single Seaters” ou “grandes monopostos abertos” em inglês - aproveita carros aposentados de diversas categorias de monopostos para um campeonato próprio, no qual pilotos de longos currículos dividem as pistas com nomes menos tarimbados. Inicialmente disputada apenas na Inglaterra, a Boss GP passou a ganhar terreno em outros países da Europa.

Em 2023, foram sete etapas, disputadas em cinco países: França (Paul Ricard), Alemanha (Hockenheim), Áustria (Red Bull Ring), Itália (Misano, Monza e Mugello) e Holanda (Assen). A classe F1 teve três pilotos, reunindo carros bem conhecidos: o Benetton B197 (de 1997), o Jaguar R2 (de 2001) e o Toro Rosso STR1 (de 2006). As outras três divisões – Open, Formula e Super Lights – ainda reuniram carros da Fórmula Nippon (atual Super Fórmula) e de categorias já extintas, como GP2, World Series e Fórmula 3000.

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O paulista Adriano Buzaid foi um dos pilotos em ação na temporada 2023. Convidado pela equipe MM International para a disputa da rodada dupla de Misano, ele não decepcionou: venceu uma das corridas da divisão Fórmula, terminando a outra em segundo. Na ocasião, utilizou um carro da GP2, categoria encerrada em 2016 para dar lugar à atual Fórmula 2.

“Quando eu comecei a conversar com a equipe, eles falaram: ‘Adriano, o carro de GP2 que temos aqui é praticamente o monoposto mais rápido antes da Fórmula 1’. A última versão do GP2 é mais rápida até que o Fórmula 2 atual”, afirmou Buzaid, que disputou a Fórmula 3 britânica em 2009 e 2010, correndo contra nomes como Felipe Nasr, Esteban Gutiérrez e Jean-Éric Vergne.

O Dallara GP2/11 utilizado pela Boss GP em 2023 pesa 688 kg (com o piloto) e usa motores V8 aspirados da francesa Mecachrome. Para efeito de comparação, os carros da Fórmula 2 em 2023 pesavam 720 kg e usavam motores V6 da Mecachrome. “É um carro muito rápido”, diz Buzaid, que aprovou a experiência na Boss GP.

Adriano Buzaid com um carro de GP2 na Boss GP (Imagem: Angelo Poletto)

“Em 2010, quando eu guiava na Fórmula 3, eu cheguei a fazer uns dois ou três treinos de World Series, mas meu dia a dia sempre foi a Fórmula 3. Quando abandonei a carreira por falta de recurso para conseguir continuar subindo as escalas para a Fórmula 1, sempre ficou a pulga atrás da orelha: ‘Caramba, e se eu tivesse guiado um carro mais forte, será que eu teria dado conta de motorização de GP2, de F1, de carros mais potentes, de carros mais rápidos?’. Quando surgiu a oportunidade da Boss GP, eu falei: ‘Cara, essa é a minha chance de realmente ver se eu tinha gabarito para conseguir andar rápido nesses carros’. E para falar a verdade, não é mais fácil do que os carros em que eu andava na época na F3, mas me senti uma coisa só ali. Não dá para explicar.”

Além de Adriano Buzaid, a temporada 2023 da Boss GP contou com outro brasileiro bastante conhecido: Antonio Pizzonia, um dos dois inscritos na categoria Open. O amazonense foi campeão da divisão ao vencer seu companheiro de equipe HS Engineering, o irlandês Paul O’Connell. Foram campeões também o austríaco Ingo Gerstl (divisão F1), o italiano Simone Colombo (na divisão Formula) e o alemão Henry Clausnitzer (na divisão Super Light).

E para quem imagina a Boss GP como uma competição amadora, Adriano Buzaid avisa: a estrutura à disposição de pilotos e fãs na categoria - homologada pela FIA - é surpreendente.

“Achei fantástico. Toda a organização do evento, os diretores de prova, a estrutura... Tudo. Achei fantástico, fantástico. Na Boss GP, você tem pilotos profissionais que estão lá correndo, e você tem gentlemen drivers que tomam ali dois segundos do piloto profissional e estão ali correndo, se divertindo. É um ambiente, uma atmosfera muito tranquila, muito gostosa. Não é aquele ambiente extremamente competitivo”, descreveu.

“É um ambiente bem legal, muito legal em todos os sentidos. E as pistas onde eles correm: uma melhor que a outra. Acho que isso influencia muito em ter uma categoria bacana. São alguns dos carros mais rápidos do mundo, e você tem uma variedade. Você corre em várias pistas incríveis da Europa, não fica limitado só à Itália ou a outro país. Circulam geral ali na Europa e pegam as melhores pistas. Tem corridas que a Boss GP dão um público de 200 mil pessoas. Tem muitos fãs que às vezes a Fórmula 1 não chega até a cidade do cara, e quando chega a Boss GP, os caras lotam a arquibancada.”

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.

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