Série da Band mostra a origem do diabo e como ele é retratado pela sociedade

Série de reportagens da Band abordou a origem do diabo, como é visto pelas religiões, a relação com a natureza e até o uso do personagem na arte

Da redação

Falar do diabo pode ser tabu para muita gente. Por outro lado, tem quem não veja problema em conversar sobre o assunto. Ao longo da semana, o Jornal da Band exibiu uma série de reportagens que abordou a origem dele, como é visto pelas religiões, a relação com a natureza e até o uso do personagem no cinema e literatura.

Tema que intriga a humanidade há séculos, o “diabo” é um dos personagens mais misteriosos. Ele está nas lendas, ditos populares e histórias que passam de geração em geração. Segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé, uma das referências é do judaísmo antigo.

“O inferno judeu, um lugar físico, que lá, se jogava bandidos, assassinos, prostitutas, figuras identificadas com transgressão. Daí vem a ideia que quem morre e faz o mal, vai para um lugar onde ele vai ficar morto, mas vai continuar sofrendo”, explicou o filósofo.

Para os cristãos, todos viviam bem no céu, até que um dia, um anjo se rebelou contra Deus porque queria ser como ele. Por ser invejoso e não seguir os mandamentos, “O todo poderoso” mandou o rebelde para o inferno. Para os povos antigos e modernos, o ser celestial expulso virou o “diabo”.

O diabo para as religiões

Cada religião interpreta o diabo de uma forma. Na Igreja Católica, por exemplo, ele é a personificação do mal. O padre Rodrigo Hurtado, diretor do Instituto Católico de Liderança, “o demônio existe antes de nós, antes da criação”.

Não personificamos o mal. Ele de fato existe e a Sagrada Escritura nos ensina isso (padre Rodrigo Hurtado)

Para os evangélicos, o Diabo é um pouco diferente, como diz o pastor Edson Rebustini, da Igreja Bíblica da Paz. No pensamento de Santo Agostinho, um dos principais teólogos do cristianismo, o demônio é aquele que vive tentando a gente.

A função dele é de enganar, iludir, criar o mal, fazer o mal para as pessoas, com que elas pensem que ‘Deus não as ama' (pastor Edson Rebustini)

Sobre as religiões de origem africana, o preconceito associa a entidade Exu ao diabo, o que é contestado pela cientista social e ialorixá Flávia Pinto. No mesmo sentido, Ronaldo Linhares, presidente da Federação Umbandista do ABC e Babalaô, diz que o orixá não é o “diabo” cristão.

Na nossa filosofia não existe. Não reconhecemos essa categoria. Mas, infelizmente, o domínio euro-cristão, proveniente da escravização de corpos negros, fez com que nos associassem à figura do diabo, que nos satanizassem (ialorixá Flávia Pinto)

Em algumas religiões e vertentes não há a figura do diabo, mas há o que remeta ao mal. O hinduísmo reconhece que pessoas podem fazer algo ruim. Já o budismo tem “Mara”, o oposto de Buda. No judaísmo, satã é o que impede algo de acontecer.

Diabo relacionado à natureza

As Cataratas do Iguaçu, maravilha da natureza que separa o Brasil da Argentina e onde despencam milhões de litros de água num abismo, é chamado de “garganta do diabo”. Mas o que isso tem a ver com a série especial do Jornal da Band sobre o diabo? O filósofo Andrei Venturini Martins explicou tal relação.

“Em alguns corpos, seja de animais ou humanos, o diabo aparece com inúmeras cabeças e sempre com a boca aberta, mostrando a garganta. E a garganta é esse espaço estreito. É justamente essa a melhor tradução para o termo grego ‘angur’, que significa angústia. Então, o diabo é justamente essa expressão daquilo que é angustiante”, contou o estudioso.

Em vários locais espalhados pelo mundo, a gente sempre tem essa referência a garganta. Em visita ao norte da Argentina, nossa equipe viu as consequências de uma erosão ao longo de 90 milhões de anos. A grande cratera também é conhecida como “garganta do diabo”. 

Segundo o imaginário coletivo, esse tipo de ingressos, de entradas na montanha representam um buraco chamado de ‘salamanca’. Segundo as nossas crenças, é onde o diabo, mandinga, mora já no submundo (guia argentino Martin Delgado)

Diabo no cinema e literatura

Da Idade Média à Modernidade, a figura do diabo está no imaginário de muita gente. Ele é um prato cheio para a arte e entretenimento. Segundo o sociólogo da religião Edin Sued Abumanssur, a entidade pode ser considerada o “personagem mais retratado na literatura, cinema, poesia e músicas”.

Desde o surgimento do Rock, lá em 1950, lá estava o Diabo, já que muitos diziam que o tipo de música tinha relação com o tinhoso.

O Rock foi um gênero de música que fez com que os jovens não tivessem que ouvir a mesma música dos pais. E evidentemente que a sociedade conservadora encarou o estilo como ferramenta do Diabo para perverter os jovens (Regis Tadeu, crítico musical)

O poema "Fausto", do alemão Goethe, conta a história de um homem inteligente, mas perturbado pelos dilemas humanos. O personagem “Fausto” teria um pacto com o diabo. Mas, para muitos, isso é mito.

É um pacto, Mefisto daria a ele felicidade plena, conhecimento abrangente, então Fausto daria a ele a alma (escritor Allan Regis dos Santos)

O personagem do imaginário humano estreou no cinema com “A Mansão do Diabo”. Esse foi um filme de Georges Méliès. Vários filmes fizeram sucesso somente evocando o nome, muitas vezes, usando mulheres e homens bonitos, elegantes. 

Em “O Advogado do Diabo”, o personagem de Al Pacino manipula e seduz o personagem de Keanu Reeves para praticar maldades. 

O cinema é exatamente isso: fantasia, enganação. A gente brinca, ri, mas tem medo dessas coisas (historiadora Flávia Arielo)

Todas as reportagens da série

As reportagens exibidas pelo Jornal da Band mostraram os diversos nomes usados em referência ao diabo, como a figura é vista nas religiões, associada à natureza e representada na arte. Assista abaixo!

Anjo caído, Coisa Ruim, Capeta: quais são as origens do Diabo?

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