De caverna às Cataratas do Iguaçu, série explica associações do diabo à natureza

Série especial do Jornal da Band mostra a associação do diabo a elementos da natureza e uma festa carnavalesca em que ele é destaque

Da redação

As Cataratas do Iguaçu, maravilha da natureza que separa o Brasil da Argentina e onde despencam milhões de litros num abismo, é chamado de “garganta do diabo”. Mas o que isso tem a ver com a série especial do Jornal da Band sobre o diabo? O filósofo Andrei Venturini Martins explicou tal relação.

“Em alguns corpos, seja de animais ou humanos, o diabo aparece com inúmeras cabeças e sempre com a boca aberta, mostrando a garganta. E a garganta é esse espaço estreito. É justamente essa a melhor tradução para o termo grego ‘angur’, que significa angústia. Então, o diabo é justamente essa expressão daquilo que é angustiante”, contou o estudioso.

Em vários locais espalhados pelo mundo, a gente sempre tem essa referência a garganta. Em visita ao norte da Argentina, nossa equipe viu as consequências de uma erosão ao longo de 90 milhões de anos. A grande cratera também é conhecida como “garganta do diabo”. 

Segundo o imaginário coletivo, esse tipo de ingressos, de entradas na montanha representam um buraco chamado de ‘salamanca’. Segundo as nossas crenças, é onde o diabo, mandinga, mora já no submundo (guia argentino Martin Delgado)

Diz a lenda que muitos profissionais, para obterem sucesso no trabalho, pedem proteção, uma tal ajuda para o diabo. Os nativos da região argentina contam que músicos colocam instrumentos em locais específicos para o diabo afinar. Depois, no outro dia, os artistas vão buscar. Se dá certo ou não, a reportagem da Band não conseguiu nenhuma informação.

De volta ao Brasil, em Eldorado, interior de São Paulo, existe a Caverna do Diabo. O nome surgiu porque moradores ouviam sussurros estranhos. A figura dele está pintada na pedra.

Diabo é ideia europeia

A ideia de o céu representar o bem, enquanto as profundezas refletem o mal, vem da Europa. Na Cordilheira dos Andes, os povos originários têm outro significado para tudo isso, usando como força maior a “Pachamama”, a mãe-terra. 

“Aqui, jamais falamos que há algo bom ou algo ruim, de que vão te castigar ou não vão castigar. O diabo é uma construção trazida da Europa. Os povos originários eram superinteligentes. Usaram essa imagem com ironia. Por quê? Se inventou o diabo do Carnaval.  Se deu uma nova significação a esse elemento simbólico da Europa. Então, hoje, o diabo não é sinônimo de mal. O diabo é sinônimo de alegria, de festejo”, disse o guia Horácio Galán.

Carnaval com diabo na Argentina

No Carnaval, as montanhas ficam mais coloridas, e os nativos não perdem as festas e se transformam. Uma guia de turismo contou que o uso da máscara é importante para que ninguém se reconheça. Os participantes, inclusive, chegam a mudar as vozes “por causa das travessuras”. O objetivo é se “comportar mal” e se divertir na montanha.

A ideia de brincar, de comicidade, de festejar, de criticar, às vezes, um poder vigente, uma ideia soberana naquele momento histórico, faz com que o Carnaval se associe a "não regra", aquilo que sobrepõe uma legitimidade, por exemplo. Nesses casos, muita gente associa a folia à figura do diabo.

A origem do diabo

Em reportagens anteriores, o Jornal da Band já mostrou os diversos nomes usados em referência ao diabo e como a figura é vista nas religiões. Abaixo, assista às matérias exibidas!

Anjo caído, Coisa Ruim, Capeta: quais são as origens do Diabo?

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