Da Idade Média até a Modernidade, a figura do Diabo está no imaginário de muita gente. Ele é um prato cheio para a arte e entretenimento, até desafia os limites da criatividade. Segundo o sociólogo da religião Edin Sued Abumanssur, ele pode ser considerado o “personagem mais retratado na literatura, cinema, poesia e músicas”.
Desde o surgimento do Rock, lá em 1950, lá estava o Diabo, já que muitos diziam que o tipo de música tinha relação com ele. “O Rock foi um gênero de música que fez com que os jovens não tivessem que ouvir a mesma música dos pais. E evidentemente que a sociedade conservadora encarou o estilo como ferramenta do Diabo para perverter os jovens”, diz Regis Tadeu, crítico musical.
Fãs estamparam figuras demoníacas nas roupas, as bandas investiram pesado no personagem, mas se ele aparece, Regis brinca: “Todo mundo se borraria de medo”. Para Edin, o Diabo é “encantador”. “É uma figura que acusa encanto nas pessoas”, diz.
Literatura também tem a presença do Diabo
Na poesia, "Fausto" do poeta alemão Goethe, conta a história de um homem inteligente, mas perturbado pelos dilemas humanos. Em Mefistófeles ele enxerga a chance de conseguir as respostas, mas Fausto é baleato por Dr. Faust. Fausto teria um pacto com o diabo. Mas, para muitos, isso é mito. “É um pacto, Mefisto daria a ele felicidade plena, conhecimento abrangente, então Fausto daria a ele a alma”, diz o escritor Allan Regis dos Santos.
“Fausto” também inspirou artistas, como o livro de Machado de Assis em que o Diabo diz a Deus que só não conseguia fama porque não tinha a própria igreja. Então, ele abre uma diferente, onde os pecados não seriam mais pecados. “Lá podem ser glutões, podem ter ambições, buscar o hedonismo, a felicidade a qualquer preço. Lá vale tudo na Igreja do Diabo”, explica Allan.
Só que o Diabo percebeu que, quem ia na igreja dele, onde tudo era liberado, acabava praticando escondido o que Deus pregava. “Quando ele vai se queixar para Deus, pergunta o que fez de errado, enxerga que o ser humano é contraditório”, diz Allan. Em Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, Riobaldo passou a vida inteira tentando conquistar Diadorim. Para isso, teve de fazer um pacto com o Diabo.
Diabo estreou nos cinemas em 1896
O personagem do imaginário humano estreou no cinema com o filme “A Mansão do Diabo”. Esse foi um filme de Georges Méliès. “Foi um dos primeiros cineastas. Ali a gente tem uma forma dele conseguir colocar a mágica em prática, interpretando o Diabo no filme", conta a historiadora Flávia Arielo.
Vários filmes fizeram sucesso somente evocando o nome, muitas vezes, usando mulheres e homens bonitos, elegantes. Em “O Advogado do Diabo”, o personagem de Al Pacino manipula e seduz o personagem de Keanu Reeves para praticar maldades.
“O cinema é exatamente isso: fantasia, enganação. A gente brinca, ri, mas tem medo dessas coisas”, diz Flávia Arielo.