Além do preconceito, debater a cannabis medicinal é questão de saúde e econômica

Uso de medicamentos à base da maconha alivia sintomas de doenças incuráveis e movimentaria, somente no Brasil, R$ 10 bilhões, se não esbarrasse na burocracia

Da redação

Cerca de 250 mil brasileiros fazem tratamentos com remédios à base de cannabis. O mercado está em expansão, mas ainda luta contra o preconceito. Nesta semana, o Jornal da Band exibiu uma série que ajuda a desmistificar o tema que engloba, além da saúde, questões econômicas.

No Brasil, na lista de substâncias controladas pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), o óleo de canabidiol ganha cada vez mais adeptos. Aqui, o uso é recente, tanto que, somente em 2014, um casal se tornou os primeiros brasileiros a receberem autorização da Justiça para importarem um medicamento à base de maconha.

Após o aval jurídico, o casal iniciou o tratamento da pequena Anny. O pai dela informou que a filha voltou a ter uma qualidade de vida plena e controlar as crises convulsivas. Vale lembrar que o uso recreativo da maconha, no país, é ilegal.

Quando a gente deu a primeira dose, não conseguimos falar. A gente só chorava. Mas, quando o CBD acabou, em menos de uma semana ela voltou a ter 60 crises todas as semanas. Então, isso cessou qualquer dúvida que pudéssemos ter sobre o óleo (Norberto, pai da pequena Anny)

Preconceito e custos

Mesmo com o uso legalizado e com diversos benefícios, no Brasil, a expansão do uso de medicamentos à base da maconha esbarra em dois motivos: preconceito e alto preço. No país, a maior parte do óleo da cannabis liberada é importada e tem custos elevados para os pacientes.

Por outro lado, aos poucos, os relatos dos benefícios do medicamento mudam a percepção de quem recebeu a sugestão de utilizar o produto. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides, as vendas cresceram 201% em comparação com 2022.

No Brasil, existem 100 associações canábicas legalizadas. Destas, 10 têm autorização de cultivo, extração do óleo e programas de assistência social.

A maioria dessas associações começaram com a luta de mães em busca de tratamento para os filhos. Em uma delas, a fundadora é Cidinha Carvalho, ativista e mãe da Clara, nascida com síndrome de Dravet. A doença, controlada com o óleo de CBD, causa crises de epilepsia.

A busca de uma mãe é sempre a cura, mas, enquanto não tinha, queria o alívio e descobri o alívio na cannabis. Eu toparia qualquer coisa pelo alívio da Clara. Quando você tem um filho, que pode perder a qualquer momento, você não liga para proibição, para nada (Cidinha)

Alívio para doenças incuráveis

A terceira reportagem da série mostrou como a cannabis ajuda a aliviar sintomas de doenças incuráveis, como o Alzheimer. É o caso de Beatriz Panelli, de 88 anos, acometida pela doença há 11 anos.

O Alzheimer é degenerativo, ou seja, com o passar do tempo, mais funções vitais são comprometidas. No entanto, Beatriz, a história foi diferente, pois ela apresentou significativa melhora na qualidade de vida após três anos de uso do cannabidiol.

Eu fiquei superfeliz quando ela começou a voltar às atividades do caça-palavras, do baralho (Ana Cristina Panelli, filha da Beatriz)

Para o médico Pedro Pierro, ouvido pela reportagem, os canabinoides – substâncias que ativam os receptores canabinoides – levam equilíbrio ao corpo. Por isso, a importância da cannabis na medicina.

Potencial econômico

“Todo mês é recorde. Em todo mês que a gente olha, a gente fecha a conta e fala: ‘Recorde’. Tamanhi de mercado e número de pacientes. Além disso, tem a arrecadação de impostos, que, dentro da indústria da saúde é muito grande. Podia ser redirecionado para a educação, próprio SUS, para uma série de coisas”, explicou Maria Eugênia Riscala, especialista em marketing sobre cannabis.

As discussões para os avanços estão na mesa. Empresas, associações, médicos, políticos, pacientes, todos estão envolvidos na busca de uma regulamentação mais clara. Um futuro menos burocrático no horizonte significa agradecimento por aqueles que conseguiram mais qualidade de vida com a cannabis.

Reportagens da série

A série sobre cannabis do Jornal da Band já mostrou que, apesar do preconceito, a adesão aos remédios derivados da maconha aumenta no Brasil, inclusive com potencial econômico de R4 10 bilhões ao ano. Além disso, o canabidiol ajuda aliviar sintomas de doenças incuráveis, como o Parkinson e Alzheimer. Veja as reportagens que já foram ao ar abaixo!

Mesmo polêmico, tratamento à base de cannabis ganha mais adeptos pelo Brasil

Preconceito e alto preço são barreiras para quem usa medicamentos de cannabis

Do Parkinson ao Alzheimer, cannabis alivia sintomas de doenças incuráveis

Cannabis tem potencial de R$ 10 bi no Brasil, mas expansão esbarra nos custos

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.