Cannabis tem potencial de R$ 10 bi no Brasil, mas expansão esbarra nos custos

No Brasil, como as empresas não podem cultivar a maconha e dependem da importação da matéria-prima, a expansão do mercado bilionário segue tímida

Da redação

Há 10 anos, o ativista Gilberto Castro foi entrevistado para uma reportagem que foi ao ar no Jornal da Band. Com esclerose múltipla, na pior fase da doença, ficou de cama por conta das dores no corpo. O tratamento com o óleo de cannabis foi uma alternativa, apesar do diagnóstico desanimador.

“Todos os neurologistas foram muitos confusos. Inclusive, o último falou que eu não teria mais de seis anos de vida útil. Ele disse que a esclerose múltipla não mata, mas ela acama a pessoa. Comecei a pesquisar sobre isso, na internet. No começo da pesquisa, me deparei com a maconha sendo usada em vários países e com muitos resultados promissores”, compartilhou Gilberto.

O personagem continua o tratamento com um medicamento específico. Em outro momento da entrevista, dele defende os derivados medicinais da maconha para tratar doenças, inclusive a esclerose.

A gente via a maconha como uma substância maléfica. Nunca tinha uma visão como planta. Na hora que eu comecei a ver como uma planta, falei: ‘Nossa! Não é possível que me enganaram desse jeito’. Todas as pessoas têm que saber disso (Gilberto Castro)

O ativismo de pessoas como o Gilberto tem dado resultados. No Brasil, nos últimos cinco anos, o mercado de cannabis ficou 100 vezes maior. Mais de 250 mil brasileiros já fazem tratamentos com o medicamento.

Potencial de R$ 10 bilhões

Os produtos à base da cannabis devem movimentar R$ 655 milhões ainda este ano. O potencial é gigantesco e poderia chegar a R$ 10 bilhões só no Brasil, segundo dados Kaya Mind.

“Todo mês é recorde. Em todo mês que a gente olha, a gente fecha a conta e fala: ‘Recorde’. Tamanhi de mercado e número de pacientes. Além disso, tem a arrecadação de impostos, que, dentro da indústria da saúde é muito grande. Podia ser redirecionado para a educação, próprio SUS, para uma série de coisas”, explicou Maria Eugênia Riscala, co-fundadora da empresa de consultoria Kaya Mind.

Custos seguram expansão

No Brasil, como as empresas não podem cultivar a maconha e dependem da importação da matéria-prima, a expansão do mercado segue tímida, principalmente por conta do preço.

“Sem o produto, sem a matéria-prima, é muito difícil a gente conseguir desenvolver uma cadeia completa produtiva com um objetivo final muito claro, que é de entregar um produto de qualidade a um custo mais acessível. Quando a gente tem um aumento de escala, a gente tem uma redução de custo quando a gente fala de desenvolvimento dentro do país”, analisou Carolina Sellani, da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi).

As discussões para os avanços estão na mesa. Empresas, associações, médicos, políticos, pacientes, todos estão envolvidos na busca de uma regulamentação mais clara. Com isso, aqueles que conseguiram mais qualidade de vida com a cannabis agradecem.

Outras reportagens da série

A série sobre cannabis do Jornal da Band já mostrou que, apesar do preconceito, a adesão aos remédios derivados da maconha aumenta no Brasil. Além disso, o canabidiol ajuda aliviar sintomas de doenças incuráveis, como o Parkinson e Alzheimer. Veja as reportagens que já foram ao ar abaixo!

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