Preconceito e alto preço são barreiras para quem usa medicamentos de cannabis

Apesar de legal no Brasil, maior parte dos óleos à base de maconha são importados; associações ajudam quem precisa do medicamento

Por Joana Treptow

Mesmo tendo o uso legal no Brasil e com diversos benefícios, os medicamentos à base de cannabis ainda não ganharam tanta adesão por dois motivos: preconceito e alto preço. A maior parte do óleo de CBD, que é liberado no país, é importada e tem custos altos para os pacientes. 

Aos poucos, os relatos dos benefícios do medicamento mudaram a percepção de quem recebeu a sugestão de utilizar o produto. Tanto, que a procura pelo óleo só aumenta no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides. As vendas cresceram 201% em comparação com 2022. 

A equipe do Jornal da Band visitou um cultivo de maconha liberado pela Justiça, controlado por uma associação que extrai o óleo e auxilia pacientes com as mais diversas doenças. No Brasil, existem 100 associações canábicas legalizadas. Destas, 10 têm autorização de cultivo, extração do óleo e programas de assistência social. 

A maioria dessas associações começaram com a luta de mães em busca de tratamento para os filhos. Em uma delas, a fundadora é Cidinha Carvalho, ativista e mãe da Clara, que nasceu com síndrome de Dravet. A doença, que causa crises de epilepsia, foram controladas com o óleo de CBD. 

A busca de uma mãe é sempre a cura, mas enquanto não tinha, queria o alívio e descobri o alívio na cannabis. Eu toparia qualquer coisa pelo alívio da Clara, quando você tem um filho, que pode perder a qualquer momento, você não liga para proibição, para nada, afirma Cidinha. 

Todas as associações facilitam a vida de quem precisa fazer um tratamento com cannabis. A Flor da Vida, que fica em Franca, interior de São Paulo, beneficia 10 mil pessoas. "Não é que a cannabis é a cura para patologias, mas auxilia no dia a dia das pessoas, que é o que mães das crianças e parentes de doentes mais procuram, que é autonomia e qualidade de vida”, diz Enor Morais, que trabalha na associação. 

As associações canábicas ajudam a baratear o óleo, mas são muitos os casos de pessoas que querem infringir a lei para fazer o próprio medicamento. É o caso do Rodrigo, que acabou preso por tráfico após plantar e extrair o óleo em casa para tratar dores crônicas. Ele foi solto após comprovar que planta para produzir o próprio óleo, mas dá uma dica para quem precisa da medicação:

Busque um advogado, acho que o melhor a fazer antes de começar cursos, plantar sementes, antes de tudo, fazer a documentação jurídica. Levei muita sorte do juiz te me ouvido no dia seguinte e me liberar, conta Rodrigo de Oliveira. 

Assista ao primeiro episódio da série Avanço da Cannabis

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