Estudo aponta 2022 como ano com mais mortes por guerras e conflitos desde 1994

Foram 237 mil mortes, principalmente pelas guerras na Ucrânia e na Etiópia

Por Cesar Cavalcante

O mundo deve terminar o ano com pelo menos oito grandes guerras, além de dezenas de disputadas armadas. O último ano, de 2022, foi considerado o mais mortal por conflitos desde 1994. 

Foram 237 mil mortes, principalmente pelas guerras na Ucrânia e na Etiópia, segundo levantamento do Journal of Peace Research. Desde outubro, o mundo volta seu olhar para a disputa entre Israel e Hamas, mas há muitas outras.

“Esses conflitos vem aumentando no mundo. Na região do Sahel foram mais de 120 golpes de estado. Um estudo que mostra que o número de conflitos vem aumentando e a duração. Em 2022 havia 55 conflitos com duração média de 11 anos, isso é muito maior do que anos atrás”, afirmou Uriã Fancelli, mestre em Relações Internacionais. 

A guerra civil no Iêmen, que segundo a ONU já causou mais de 300 mil mortes desde seu início em 2014, também continua sem expectativa de fim.

“Com a queda da união soviética houve protagonismo dos EUA. Hoje isso está sendo descentralizado. A capacidade dos EUA, Rússia e China de policiar esses conflitos se perde um pouco”, explica José Augusto Fontoura Costa, vice-chefe do Departamento de Direito Internacional na USP.

Especialistas também criticam as ações da ONU, que não tem sido suficientes para frear os conflitos e garantir a paz. A organização, inclusive, foi criada com esse objetivo, ao final da segunda guerra mundial.

“Eu vejo como crise de credibilidade de organismos internacionais que não consegue frear esses conflitos. Uma guerra que chama a atenção é em Nagorno Karabak. É muito antiga… de um enclave no Azerbaijão. Uma república que deixou de existir. Uma população de 100 mil pessoas de origem Armênia. E em 48 horas deixou de existir por completa omissão internacional”, conta Uriã Fancelli. 

A falta de visibilidade a algumas guerras também tem consequências para a duração das tensões, criação de corredores humanitários e envio de comida e remédios, por exemplo.

“Existe inviabilização de direitos fundamentais. Pouca gente tem ideia de como os conflitos na África atinge populações vulneráveis”, destacou José Augusto Fontoura Costa.

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