Ary Borges deu show na estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina 2023. A meio-campista do Racing Louisville, dos Estados Unidos, fez três dos quatro gols diante do Panamá e, de quebra, ainda deu o passe para Bia Zaneratto fazer o outro.
Aos 23 anos, a meia brilhou no futebol nacional até o final da temporada 2022, quando deixou o Palmeiras para ir para o Racing Louisville.
Nascida em São Luís, no Maranhão, Ary Borges começou a carreira no Sport. Ela chamou atenção e foi contratada pelo São Paulo em 2019. Na ocasião, foi uma das principais jogadoras na conquista do Brasileirão da segunda divisão, mesmo com apenas 20 anos.
A saída do clube do Morumbi, no entanto, gerou irritação na diretoria são-paulina. Como tinha contrato até dezembro de 2019, Ary Borges foi procurada pelo Palmeiras quando faltavam menos de seis meses para o fim do vínculo e acertou com o Alviverde.
À época, Ary decidiu seguir para o Palmeiras, em janeiro de 2020, e nem sequer apresentou a proposta palmeirense para o São Paulo. A postura irritou a diretoria tricolor, segundo noticiou o “UOL”, especialmente porque representava um “chapéu” do rival.
Pesou para essa reação o fato de que a meia interagia bastante com torcedores do São Paulo, frequentava os jogos do time masculino e havia se transformado em uma “torcedora” em campo.
Com a camisa do Palmeiras, porém, Ary se consolidou. Ela se tornou uma das principais jogadoras do futebol nacional, sendo bicampeã paulista (2021 e 2022) e campeã do inédito título da Copa Libertadores com o Alviverde. O talento a levou para os Estados Unidos.
Futebol reaproximou Ary dos pais
Em depoimento ao “The Players' Tribune”, Ary Borges contou como foi a infância no Maranhão. Ela viu os pais partirem para São Paulo quando tinha dois anos e revelou que foi criada pela avó.
Foi o futebol, no entanto, que reuniu a família novamente. Ary chamou a atenção do tio, que jogava bola e cuidava de um campo de várzea onde moravam, passou a frequentar os gramados da região e reencontrou os pais no sonho em virar profissional.
Foi o futebol que me reaproximou de meus pais, vocês sabiam? Eu era bem pequena quando eles partiram pra São Paulo. Devia ter uns dois anos. Então foi a minha avó quem me criou primeiro. Mas eu sempre soube que era uma coisa temporária, que uma hora a gente ia viver junto outra vez - Ary Borges no The Players' Tribune.
Aos 11 anos, quando decidiu ir para São Paulo para investir no futebol, Ary conta que quase desistiu da ideia porque deixaria a avó sozinha. O tio, no entanto, insistiu e a convenceu.
“Vendo a minha aflição, meu tio me confortava. Ele falava: ‘Ary, pensa no futebol. Você ama o futebol, sabe jogar. Em São Paulo você talvez tenha mais oportunidade de se desenvolver’. E a minha avó, sábia pra caramba, deu a bênção dela: ‘Na vida, as coisas acontecem quando têm que acontecer. Os seus pais já viveram tempo demais longe de você. Tá na hora de ir ficar com eles e correr atrás de seus sonhos lá. Eles vão te ajudar e eu vou ficar bem, não se preocupa’. Pô, rodeada de gente sensacional assim… O que mais eu podia desejar?”, disse a jogadora.