Pelé imortalizou a camisa 10, o soco no ar, e o seu autógrafo de bolinhas

Era difícil chegar nele, mas Pelé não fugia das perguntas mais cabeludas e fez sua assinatura valer mais que uma selfie

Paulo Guilherme Guri

Pelé eternizou o soco no ar, popularizou a camisa amarela, o número 10 e seu autógrafo
Reuters

Pelé eternizou a camisa 10. O número que caiu quase que por acaso para ele na Copa de 1958 se tornou a referência de craque e de futebol-arte para qualquer time do mundo. Também fez da comemoração de um gol com um soco no ar a sua marca registrada. Mas em uma época em que não havia selfies e tirar uma foto era uma coisa quase impossível, o Rei do Futebol fez do seu autógrafo uma marca valiosa.

O Pelé escrito com bolinhas no “P” e no acento do "é" era um verdadeiro troféu de Copa do Mundo para qualquer fã. E Pelé sabia da importância disso. 

Eu nasci quando Pelé estava no auge, e se vi Pelé jogar, posso dizer apenas que vi o jogo de despedida dele do Cosmos, na TV. Ah, teve também a Copa Pelé de Masters e aquele amistoso em Udine, em 1990, quando o Rinaldo (quem?) não passou a bola para o Pelé fazer o gol número 1.284.

Nas vezes em que tive a chance de entrevistá-lo, Pelé jamais tentou o drible. Difícil chegar nele. Mas quem consegue, pode fazer as tabelinhas que quiser que o Rei responde. “Pelé, desculpe mas eu tenho que te perguntar isso. É sobre aquela moça, a Sandra”, questionei a ele em Montevidéu, durante a Copa América de 1995, quando o cidadão Edison Arantes do Nascimento enfrentava um processo de reconhecimento de paternidade. “O que a Justiça decidir eu vou aceitar”, me respondeu, mão no meu ombro, toda a atenção do mundo.

Já o tinha visto antes, em um evento da Umbro, quando forneceu as camisas da Seleção Brasileira, em 1992. Tinha umas 100 pessoas no evento. Após a entrevista coletiva, Pelé atendeu um por um, pacientemente, tirou fotos e deu os 100 autógrafos, todos com dedicatória. Ganhei a assinatura famosa nesta camisa em cima, de valor imensurável. E ainda consegui outra para o meu pai e para o meu irmão.

Anos depois, Pelé autografou uma roupinha de bebê que minha filha usou quando “assistiu” a conquista do penta. Assim como eu, ela nasceu no ano em que o Brasil foi campeão. Respondeu a perguntas, explicou como foi sua vida como goleiro e seguiu adiante, à espera do próximo compromisso real.

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