O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu nesta terça-feira (13) uma nota repudiando o desfile da escola de samba Vai-Vai durante os desfiles de Carnaval em São Paulo.
O enredo do Vai-Vai, em homenagem ao Hip-Hop, gerou críticas após a ala ‘Sobrevivendo no Inferno’, álbum dos Racionais MC de 1997, mostrar uma tropa de choque com chifres e asas avermelhadas, como demônios.
Na nota, o Sindpesp afirma que o desfile do Vai-Vai que ocorreu no último sábado (10) “tratou com escárnio a figura de agentes da lei”, demonizando a polícia. “A escola de samba afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias”, diz a nota.
“É de se lamentar que o Carnaval seja utilizado para levar ao público mensagem carregada de total inversão de valores e que chega a humilhar os agentes da lei”, pontua o sindicato.
Por fim, o sindicato pede que o Vai-Vai se retrate publicamente e diga que errou na ala. “Não estamos falando, afinal, apenas dos policiais, sejam civis ou militares, mas, sobretudo, de uma instituição de Estado que representa e está a serviço de toda a sociedade bandeirante”, completa a nota.
Vai-Vai responde ao Sindpesp
O Vai-Vai prestou esclarecimentos e afirmou que o desfile era um manifesto, “uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo”. “O desfile fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MCs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”, cita a nota.
“Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica”, diz a nota.
“O que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”, conclui a nota.