Saiba quem é o único brasileiro vivendo na Coreia do Norte

Somente o embaixador do Brasil vive no país asiático, de acordo com levantamento do Ministério da Relações Exteriores

Da redação

Luís Felipe Silvério Fortuna, embaixador do Brasil na Coreia do Norte
Peter Iliciev/Fiocruz

São mais de 4,5 milhões brasileiros vivendo em outros países, de acordo com levantamento do Ministério das Relações Exteriores publicado neste agosto. Destes milhões, somente um vive na Coreia do Norte: o embaixador Luís Felipe Silvério Fortuna, de 60 anos.

Nascido no Rio de Janeiro, Fortuna é diplomata desde 1989 e, antes de viver na nação asiática rodeada de controvérsias, trabalhou na Venezuela, Rússia e por dois períodos na Inglaterra. Poeta e tradutor, ele já publicou 15 livros e, antes, trabalhou no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Antes do diplomata, a única família brasileira que vivia na Coreia do Norte era a do embaixador Cleiton Schenkel, de 52 anos, que ocupou de 2016 a 2018 a posição que hoje é de Fortuna. Nascido no Rio Grande do Sul, Schenkel vivia com a esposa e o filho pequeno.  

Localizada em Pyongyang, capital coreana, a embaixada brasileira foi inaugurada em 2009. Apesar das sanções internacionais, o Brasil mantém relações comerciais com a Coreia do Norte. Além disso, é o único país, de todas as Américas, que conta com representação diplomática nas duas Coreias.

Como é para um brasileiro viver na Coreia do Norte?

Em 2021, Schenkel publicou um livro sobre sua experiência vivendo com a família na capital. Dois pontos que ele destaca no primeiro capítulo são a limpeza e segurança da cidade. "Tínhamos sensação de absoluta tranquilidade com relação à criminalidade urbana", escreve.

O diplomata apontou que deixar o carro destravado, largar a bicicleta sem qualquer cadeado para fazer compras ou mesmo não trancar as portas de casa à noites são hábitos comuns.  

Ao mesmo tempo, principalmente no período em que ele viveu no país, existia o temor de que a tensão com os Estados Unidos escalasse para um conflito armado.

Em Pyongyang, o embaixador e representantes de outros países podiam circular livremente por quase todos os lugares - o que não ocorre para turistas.  

Apenas para alguns locais específicos - como museus, galerias e, estranhamente, o metrô - a visita demanda pré-agendamento e a companhia de guias locais, conta. 

Para deixar a capital e ir às praias da costa leste, por exemplo, também é necessário ir na companhia de um guia do país. Por conta de opções limitadas de lazer e porque, à época, o filho tinha três meses, Schenkel ficava mais em casa. 

O acesso à internet não é completamente livre, mas sites como Google ou Instagram não são bloqueados. No tempo livre, o diplomata assistia a jogos do Grêmio, por exemplo.  

Um ponto curioso é que o embaixador não conseguiu ver nenhuma partida ao vivo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro ou da Copa do Mundo da Rússia, que aconteceram durante sua estada no país. As emissoras só podem transmitir, posteriormente, o que for conveniente para o regime.

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