O resultado do julgamento do Caso Boate Kiss é visto com bons olhos por familiares de vítimas da tragédia. Apesar de um habeas corpus ter impedido a prisão imediata dos quatro condenados, as sentenças foram tidas como uma lição para a sociedade, segundo falou Ogier Rosado à BandNews FM neste sábado, 11.
Ogier é pai de Vinícius Rosado, uma das 242 pessoas que morreram no incêndio. Ele pontuou que espera que o principal legado das condenações seja apontar quem são os responsáveis pela segurança nos espaços.
Para ele, as empresas, mesmo que não sejam fiscalizadas como deveriam, precisam ficar atentas às responsabilidades. “Senhores empresários, seja do ramo que for, precisam ter mais responsabilidade. Fiscalizados ou não, têm que ter mais segurança a quem vocês recebem”, destacou.
Jovem salvou 14 pessoas antes de morrer
Depois da tragédia, Vinicius foi lembrado por ter retirado 14 pessoas de dentro da boate antes de sufocar com a fumaça do incêndio. A espuma de isolamento acústico foi apontada como agravante da tragédia por ser altamente inflamável e liberar gases tóxicos.
Por esse e outros motivos, o pai de Vinícius acusa lacunas no julgamento. Para Ogier, o sistema como um todo precisa ser revisto.
“O sistema falhou e continua falhando. Seja Município, Estado ou União. O grande vilão da Kiss, e foi dito por todo mundo, foi a tal da espuma. Passados quatro anos, no Ninho do Urubu, no CT do Flamengo, um incêndio ceifou a vida de jovens. A mesma espuma que estava na Kiss estava lá”, lembrou.
Para finalizar a entrevista, Ogier Rosado cobrou a conscientização de toda a sociedade. Segundo ele, uma mudança de cultura, de cuidado ao próximo, precisa ser adotada. “Para que dali adiante, a gente não precise estar chorando. Para que os pais não fiquem esperando a maçaneta girar com seus filhos voltando para casa”, disse emocionado.
A condenação
Quase nove anos após a tragédia, quatro réus foram condenados por 242 homicídios simples e por 636 tentativas de assassinato.
Durante o julgamento, familiares das vítimas e as defesas dos réus destacaram ausência de responsabilização do Estado, nas figuras da Prefeitura, do Corpo de Bombeiros e do próprio Ministério Público, por falhas nas regras e na fiscalização.