MPF apura falhas de segurança no caso de brasileiras presas na Alemanha

Em inquérito, o órgão pretende analisar como os erros possibilitaram a troca de bagagens por malas com drogas

Da redação

Mulheres foram soltas na Alemanha após provas da PF
Reprodução/Instagram

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito para investigar possíveis danos causados à sociedade brasileira pelas falhas de segurança no Aeroporto de Guarulhos. Tais erros possibilitaram a troca de bagagens de duas cidadãs brasileiras por malas com drogas, culminando na prisão das duas em Frankfurt, na Alemanha. 

O órgão pediu informações da Polícia Federal (PF), da Gol Linhas Aéreas, da Latam Airlines, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e das empresas GRU Airport e Orbital. 

Para o MPF, a troca provocou a sensação de insegurança na sociedade, podendo comprometer a credibilidade e o desenvolvimento de serviços aéreos no Brasil, uma vez que o esquema incriminou pessoas inocentes. 

Guilherme Göpfert, procurador responsável pela investigação, é preciso reforçar a segurança aeroportuária. “É uma medida urgente, sob pena de impactar vários segmentos econômicos da sociedade, dado o clima de desconfiança gerado na população diante do gravíssimo fato”, afirma. 

A investigação também apura ocorrências de danos morais coletivos, visa revisão de protocolos de segurança no aeroporto, para que casos do tipo não se repitam. “O MPF quer que todo cidadão, nacional ou estrangeiro, tenha resguardada sua segurança e não tenha medo de utilizar o transporte aéreo no Brasil”, afirma Göpfert.

Entenda o caso

Em 5 de março, Kátyna Baía e Jeanne Paollini saíram de Goiânia com destino a Alemanha. O voo fez uma escala em São Paulo, no aeroporto internacional de Guarulhos.

Depois de despachadas, as malas são levadas para uma área restrita. Lá, funcionários de empresas terceirizadas que, segundo as investigações, fazem parte da quadrilha tiravam as etiquetas com dados dos passageiros e colocavam em malas com drogas, evitando que elas passassem pelo raio-X

Segundo a Polícia Federal, as brasileiras levavam bagagens diferentes das apreendidas pelas autoridades alemãs, nas quais foram encontrados 40 quilos de cocaína. As investigações apontam que as goianas teriam sido vítimas de um esquema envolvendo funcionários do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Sete funcionários de empresas terceirizadas do aeroporto de Guarulhos foram presos. 

Em entrevista à rádio BandNews FM nesta segunda-feira (10), a advogada das duas, Luna Lara de Almeida, as duas alegaram prontamente que não reconheceram a bagagem. "Algemaram pés e mãos [das brasileiras] e falavam em alemão, então elas não entenderam o que estava acontecendo. Elas insistiram para que falassem em inglês, e disseram 'vocês estão sendo presas por tráfico internacional de drogas, porque na mala de vocês tem cocaína'. Elas reconheceram imediatamente que não era a mala que tinham despachado”. 

Durante entrevista ao Bora Brasil nesta terça-feira (11), a advogada Chayane Kuss de Souza informou que a polícia já estava analisando as imagens e o promotor do caso prometeu que daria um posicionamento ainda hoje. Caso o pedido para arquivamento do processo não fosse atendido pela Justiça da Alemanha, a defesa iria pedir que as duas respondessem em liberdade. 

Ao ser questionada por Joel Datena se houve morosidade por parte do governo e Justiça brasileira, ou seja, se houve demora para oferecer o suporte, a advogada Chayanne Kuss de Souza informou que não. 

“De forma alguma, inclusive a Polícia Federal brasileira foi tão rápida em enviar as provas, que a Polícia Federal alemã, em juízo em audiência, determinou e também acreditou que as provas foram enviadas por um caminho não oficial, o que não é verdade. Dada a urgência do caso poderia sim ter sido considerado meio oficial e essa é justamente a nossa base de atuação”, pontuou. 

“Por acreditarmos que tanto o governo brasileiro e a Polícia Federal brasileira estavam realmente esforçando-se para enviar em menor tempo possível, que cancelamos a audiência e pedimos que fosse enviado. Isso já foi enviado, já foi recebido, a morosidade existe, porém é mais pelo lado da Justiça alemã”, concluiu.

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