O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve um almoço de trabalho com o presidente da França, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (23), em Paris. Os líderes conversaram sobre as negociações pelo acordo comercial entre os blocos Mercosul e União Europeia, guerra na Ucrânia, combate às mudanças climáticas, retomada de intercâmbio cultural e parceria estratégica para a área de defesa.
Na questão do acordo comercial UE-Mercosul, Lula afirmou, durante seu discurso no Novo Pacto de Financiamento Global, que os termos precisam ser revistos, especialmente os adicionais propostos recentemente pela União Europeia, que adicionam previsões de punição na área ambiental.
"Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça", afirmou o presidente.
No plano cultural, os dois governantes demonstraram interesse na retomada do intercâmbio cultural entre as nações, inclusive com a possibilidade de reeditar os grandes calendários de eventos desenvolvidos na década passada, como o Ano do Brasil na França e o Ano da França no Brasil, a partir de 2025.
Parceria estratégica
Brasil e França firmaram uma parceria estratégica em 2006, para promover o diálogo político e as relações econômico-comerciais. Os dois países possuem ainda cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear e desenvolvimento sustentável. A parceria Brasil-França ainda contempla os domínios da educação, ciência e tecnologia, temas migratórios e transfronteiriços.
Além de desenvolverem projetos em conjunto em áreas sensíveis e de alta tecnologia, são expressivas tanto a presença de brasileiros vivendo em solo francês quanto a atuação de empresas francesas no Brasil.
Segundo o Itamaraty, cerca de 90.000 brasileiros vivem na França metropolitana e outros 82.500 na Guiana Francesa, somando cerca de 172.500 no total. Com 730 km, a fronteira entre o estado brasileiro do Amapá e a Guiana Francesa constitui a maior fronteira terrestre da França.
Existem cerca de 860 empresas francesas no Brasil. O Brasil é hoje o segundo principal destino dos investimentos franceses entre os chamados países emergentes, tendo sido ultrapassado apenas recentemente pela China.
A França é o 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos, e 5º maior pelo critério de investidor imediato, com investimentos de cerca de US$ 32 bilhões, segundo os dados de 2021 do Banco Central.