Lula volta a condenar ‘violação da integridade territorial’ da Ucrânia

Em discurso no Parlamento de Portugal, Lula foi alvo de protestos de parlamentares do partido de extrema-direita Chega e aplaudido por outras bancadas. O petista segue para a Espanha

Da Redação

No último compromisso da agenda oficial em Portugal na manhã desta terça-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou no Parlamento português e voltou a condenar a violação da integridade territorial da Ucrânia. O pronunciamento de Lula foi feito durante a comemoração do 49º aniversário da Revolução dos Cravos, celebrado neste 25 de abril, data que comemora a queda da ditadura no país.

“O Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”, disse Lula.

O presidente ainda reforçou que “quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da história. Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política”.

Para Lula, é preciso admitir que a guerra não poderá seguir de forma indefinida e a cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares.

“Todos nós fomos afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra.É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia”, pontuou o líder brasileiro. 

Segundo o petista, da mesma forma que os portugueses, os brasileiros assumiram o compromisso “absoluto com o multilateralismo” e afirmou que reconhece as ferramentas da governança global. Porém, ao se referir ao Conselho de Segurança da ONU, Lula pontuou que “encontra-se praticamente paralisado”. 

“Isso ocorre porque sua composição, determinada ao fim da Segunda Guerra Mundial, 78 anos atrás, não representa a correlação de forças do mundo contemporâneo. Por isso defendemos uma reforma que resulte na ampliação do Conselho, de maneira a que todas as regiões estejam representadas de forma permanente, de modo a torná-lo mais representativo em seu processo deliberativo e mais eficaz na implementação de suas decisões”, declarou. 

Protestos de parlamentares 

Deputados do partido de extrema-direita Chega organizaram protestos diante da presença e do discurso de Lula no Parlamento de Portugal. Eles levaram cartazes com as frases “chega de corrupção”e "lugar de ladrão é na prisão”, além de imagens com as cores da bandeira ucraniana. As manifestações também ocorreram do lado externo do Legislativo português. 

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Parlamentares e manifestantes protestam contra Lula em Portugal
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Manifestantes protestam contra Lula em LisboaREUTERS/Miguel Pereira
Manifestantes protestam contra Lula em LisboaREUTERS/Miguel Pereira
Deputados do partido Chega protestam contra Lula no Parlamento de PortugalREUTERS/Rodrigo Antunes
Deputados do partido Chega protestam contra Lula no Parlamento de PortugalREUTERS/Rodrigo Antunes

Por conta das manifestações, o presidente do Parlamento de Portugal, Santos Silva, do Partido Socialista (PS), repudiou a atitude dos deputados do Chega. 

“Os senhores deputados que querem permanecer na sessão plenária têm que se portar com urbanidade, cortesia e a educação que é exigida de qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições, chega de por em vergonha o nome de Portugal”, pontuou. 

Após a declaração do presidente do Parlamento, o líder brasileiro foi aplaudido por deputados de outras bancadas e prosseguiu no discurso de comemoração do 49º aniversário da Revolução dos Cravos.

Sem mencionar o partido Chega ou os parlamentares da legenda, Lula disse: “Que Deus abençoe Portugal, abençoe o Brasil, e viva a liberdade e a democracia. E não ao fascismo político e injusto". 

Após o encerramento do discurso, Santos Silva retornou ao microfone do Legislativo e pediu a Lula “desculpas formalmente em nome do parlamento português pelo incidente e agradecer a coragem e compreensão”.

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