Quem é e o que fez Julian Assange, ativista defendido por Lula

O jornalista está preso desde 2019, depois de revogação do abrigo político pelo Equador; confira as acusações e trajetória

Da redação

O fundador do WikiLeaks e ativista Julian Assange foi defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no sábado (6), durante coletiva de imprensa em Londres. Saiba mais no vídeo acima.

“É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra os outros esteja preso, condenado a morrer na cadeia, e a gente não fazer nada para libertar”, disse Lula sobre o ativista, que foi preso em 2019 na Inglaterra.

Assange é destaque nas notícias com constância, devido aos embates legais relacionados aos documentos confidenciais dos Estados Unidos que publicou nos WikiLeaks. Confira abaixo o que fez o ativista e quais são as acusações contra ele.

  • Assange fundou o WikiLeaks em 2006
  • Publicou documentos confidenciais do governo dos EUA no site em 2010
  • No mesmo ano, foi acusado de crimes sexuais na Suécia  
  • Foi preso no Reino Unido e aguardava possível extradição para a Suécia
  • Assange alegou que a extradição poderia resultar em julgamento nos Estados Unidos, onde poderia receber pena de morte por motivos políticos
  • Sob a alegação, pediu asilo político na embaixada do Equador em Londres, que foi concedido
  • Em 2017, a Suécia suspendeu a última investigação em relação ao ativista
  • Dois anos depois, o Equador retirou o asilo político
  • O fundador do Reino Unido segue preso na Inglaterra
  • Abaixo, confira os fatos com mais detalhes.

Início como hacker

Assange nasceu em 1971 na cidade de Townsville, na Austrália. Ainda adolescente e sob o apelido hacker "Mendaz", ele se infiltrou em vários sistemas, incluindo os do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e da NASA, a agência espacial norte-americana. 

Em 1991, as autoridades australianas acusaram Assange de 31 crimes cibernéticos, dos quais ele se declarou culpado da maioria. Na sentença, o juiz decidiu que suas ações foram resultado de curiosidade juvenil e a punição foi uma multa.  

Ele estudou Física na Universidade de Melbourne, mas deixou a universidade antes de se formar. Em vez disso, ele começou a atuar como consultor de segurança digital.  

Criação do WikiLeaks, acusações e prisões

Em 2006, Assange fundou o WikiLeaks, um site dedicado à publicação de documentos vazados e informações governamentais confidenciais. 

Um dos episódios marcantes do site ocorreu em 2010, quando foram publicados quase meio milhão de documentos do Exército dos Estados Unidos.

Vazadas pela analista de inteligência Chelsea Manning, a maioria das informações eram sobre as ofensivas militares norte-americanas no Iraque e no Afeganistão.  

Embora grande parte dos documentos já fossem de domínio público, o presidente dos EUA à época, Barack Obama, criticou os vazamentos como uma ameaça à segurança nacional.

Em novembro de 2010, o WikiLeaks publicou informações confidenciais do governo estadunidense, o que gerou reações negativas de vários países. Após o episódio, políticos dos Estados Unidos pediram que Assange fosse perseguido como terrorista.  

O ativista também foi processado na Suécia, por acusações de agressão sexual. Foi o segundo mandado de prisão emitido para Assange por esse tipo de crime -  o primeiro mandado foi indeferido em agosto de 2010 por falta de provas.  

Em dezembro do mesmo ano, Assange foi preso em Londres, onde aguardava possível extradição para Suécia. No ano seguinte, a Justiça britânica decidiu que o caso era de importância pública e recomendou que fosse recebido na Suprema Corte.

Em 2012, o mais alto tribunal do Reino Unido recusou o pedido de extradição e o ativista procurou asilo político na embaixada do Equador em Londres.

A justificativa do fundador do WikiLeaks para a requisição de abrigo foi que ser enviado pela Suécia poderia resultar em processo criminal dos Estados Unidos, por ações relacionadas ao site. Assange argumentou que o julgamento seria teria motivos políticos e poderia culminar em pena de morte.

Em 2017, a Suécia suspendeu a última investigação de crime sexual relacionada ao ativista. Dois anos mais tarde, o Equador revogou o asilo político, alegando violações do direito internacional e dos termos do abrigo na embaixada por Assange.  

Depois de obter um acordo por escrito do governo britânico de que ele não seria extradita para um país onde pudesse enfrentar tortura, o presidente equatoriano, Lenín Moreno, permitiu que a polícia britânica entrasse na embaixada e prendesse Assange. Confira o momento da prisão abaixo.

Desde então, o ativista tem lutado contra a extradição para os Estados Unidos.

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