Na luta contra o câncer, ter objetivo é fundamental para o sucesso no tratamento

Na terceira reportagem da série “Câncer: virei paciente”, o jornalista Cesar Cavalcante conta histórias de quem venceu a doença e de quem ainda está na luta

Por Cesar Cavalcante

Mesmo em tratamento contra o câncer, posso e decidi trabalhar para manter uma rotina o mais próximo do normal possível. Permanecer ativo, para mim, também faz parte do tratamento. Nesta terceira reportagem da série “Câncer: virei paciente”, trago histórias de quem venceu a doença e de quem ainda está na luta. Especialistas aconselham: ter objetivos é fundamental. 

Encontrar pessoas que já passaram por esse processo pode ser muito mais comum do que você imagina. Aqui mesmo na Band, há o exemplo de uma mulher forte, que se apoiou no esporte para cruzar o caminho. Mirelle Moschella apresenta “O Melhor do UFC”. No ringue da vida, ela encarou o maior oponente há dois anos. Aos 29, ela soube que tinha câncer no útero.

Ele [câncer] aconteceu por meio de um sangramento prolongado que eu descobri. Estava no banho e começou a sangrar. Imaginei que fosse uma menstruação normal, só que ela se prolongou. Então, quando foi praticamente no meu décimo dia, eu falei: ‘Alguma coisa está errada aqui’. E comecei a ir atrás do médico que cuida de mim, meu ginecologista, desde os meus 15 anos. A partir daí, a gente começou essa batalha. De um médico passou para o outro. O gineco passou para uma outra, que passou para um oncologista. E aí, sim, eu tive um diagnóstico (Mirelle Moschella)

A Mirelle também decidiu continuar trabalhando. Passou por quimioterapia, radioterapia e uma cirurgia para a retirada do útero. Os cabelos caíram, mas a fé permaneceu inabalável: “O esporte salvou minha vida”.

Apresentadora Mirelle Moschella registrou quando raspou a cabeça por causa do tratamento contra o câncer

O espírito guerreiro da Mirelle também tem como base o esporte. Durante o tratamento de câncer, ele se fez ainda mais presente, mas, obviamente, com algumas limitações.

Eu não fiquei parada porque eu queria que meu corpo se movimentasse de alguma forma. Sei que cada paciente é único, mas, no meu caso, eu queria que ele se agitasse. E eu sou assim mesmo. Eu sou energética. Então, eu caminhava um pouquinho, andava na esteira. Claro, com permissão do meu médico, mas, realmente, o esporte salvou a minha vida e, hoje, ele é uma ferramenta de transformação (Mirelle Moschella)

A luta da pequena Mariana

Se a rotina muda bastante com o tratamento para um adulto, imagina para uma criança? Aqui no hospital A.C. Camargo, alguns pacientes pediátricos precisam ficar internados, mas eles não ficam sem brincar ou ir à escola. Aqui tem toda uma estrutura que garante a aprendizagem. Uma paciente, a Mariana, e a mãe dela, Suzani, falaram comigo.

Mariana está fazendo tratamento. Ela teve uma recidiva de leucemia. Leucemia linfoide aguda, do tipo B (Suzani de Melo)

A Mariana foi diagnosticada, pela primeira vez, em 2015, com apenas dois anos. Para a família, a notícia foi um baque, inicialmente, mas, com o passar do tempo, ao seguir o tratamento à risca, a menina foi liberada para ir para casa e passou por acompanhamento.

Foi difícil, no começo. Para a gente foi um baque. Criança muito pequena. Ela é uma guerreira. Passou um pouquinho mal, mas conseguiu fazer todo o tratamento, foi liberada para ir para casa. Fez acompanhamento durante todo esse tempo (Suzani de Melo)

A doença voltou...

A Mariana ficou livre da doença por três anos, mas, em 2018, foi voltou a ser diagnosticada. Foi feito, então, um transplante de medula. Funcionou por um tempo, e a Mariana já estava a caminho do quarto ano, novamente, sem a doença. No entanto, há algumas semanas, a família volta a receber a notícia de outro retorno. Agora, a esperança está em um tratamento revolucionário, o Car-T Cell. A técnica modifica as células de defesa do corpo para atacar o câncer.

A gente está com esperança. No começo, a gente ficou desesperada. Ninguém ia imaginar que depois de um transplante ia voltar, ainda mais depois de quatro anos. Agora, a gente está com esperança para não voltar nunca mais (Suzani de Melo)

8 mil casos em crianças e adolescentes até 2025

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que serão diagnosticados 8 mil casos de câncer em crianças e adolescentes, no Brasil, até 2025. Manter o contato com o universo infantil, durante o tratamento, significa ainda mais qualidade de vida.

Inca prevê 8 mil casos de câncer em crianças e adolescentes até 2025
A gente percebe que as crianças conseguem fugir o pensamento durante o tratamento. Elas conseguem encontrar outras crianças e as professoras têm todo um treinamento para abordar elas, até sobre procedimentos dolorosos, como cateter, utilizando brinquedos terapêuticos. Isso facilita muito que essa criança se sinta mais à vontade e cria muito vínculo e confiança com nós, da equipe médica a equipe de enfermagem (Carlos Eduardo Fernandes, oncologista pediátrico)

Sonhos seguem vivos

Apesar dos desafios em seguir os tratamentos, Mariana mantém-se firme na luta contra o câncer. Os sonhos dessa menina não adormecem. Seguem vivos, até porque, quando vencer toda essa batalha, ela pensa em ser cantora.

Já passei por dois tratamentos. E não é para qualquer um, né? (Mariana)

E eu? O que eu mais quero é viajar o máximo que puder. Antes da cirurgia, a gente decidiu vir à Bolívia, a uma região repleta de lindas dunas. É muito bom conectar com a natureza e pegar essa energia boa para o próximo passo contra a doença.

Assistas aos episódios anteriores da série “Câncer: virei paciente” abaixo!

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“Me resta esperar”: tratamento de câncer no SUS é marcado por filas e descaso

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