Justiça do RS anula julgamento de pai de Bernardo Boldrini

Leandro Boldrini havia sido condenado com mais três pessoas pela morte do próprio filho em Três Passos (RS), em 2014; TJ-RS determina novo júri

Filipe Peixoto, do Jornal da Band

Uma falha durante o interrogatório foi o motivo da anulação do julgamento de um dos crimes que mais chocaram o país nos últimos anos: a morte do menino Bernardo Boldrini, em 2014, no Rio Grande do Sul. O Ministério Público vai recorrer da decisão.

Leandro Boldrini foi condenado como mandante do assassinato do próprio filho. Bernardo morreu em abril de 2014, após uma dose excessiva de medicamentos, e foi enterrado numa cova em um matagal próximo a Três Passos, no noroeste gaúcho.

Além de Leandro, a madrasta Graciele Ugulini foi condenada a 34 anos de prisão, a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, a 22 anos, e o irmão dela, Evandro, foi punido com nove anos - mas este já se encontra em liberdade condicional.

A condenação de 33 anos e oito meses para o pai de Bernardo, por homicídio doloso quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica,  foi anulada na última sexta-feira (10) pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) porque, no julgamento, em 2019, a juíza permitiu que um promotor fizesse perguntas mesmo após o réu informar que ficaria em silêncio.

“O promotor, ele não fez só questionamentos, ele fez afirmações, travou um debate unilateral com o réu que havia manifestado o direito de permanecer em silêncio. Isso trouxe enorme prejuízo a princípio os caras do processo penal”, defendeu Rodrigo Veras, advogado de Leandro.

Os desembargadores mantiveram a condenação dos outros três réus.

A nova data para o julgamento do pai de Bernardo é uma incógnita. Ela só pode ser definida quando não houver mais possibilidade de recursos - o que pode levar meses ou até anos.

A reportagem entrou em contato com amigos e familiares próximas ao menino Bernardo, mas eles preferiram não comentar a decisão.

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