Jair Bolsonaro confirmou que Eduardo Pazuello deixará o Ministério da Saúde nesta sexta-feira (19) durante transmissão de sua live semanal, na noite desta quinta (18). Ele elogiou o general e disse que havia “um problema seríssimo de gestão” antes de sua chegada. A expectativa é que a nomeação de Marcelo Queiroga também ocorra nas próximas horas.
E a comparação dos discursos do presidente e do futuro ministro mostra o desafio que Marcelo Queiroga terá: manter a defesa da ciência e de medidas de proteção contra a covid sem bater de frente com o presidente.
Jair Bolsonaro começou a quinta questionando o número de mortes por covid-19.
“Qual país que está tratando bem a questão da covid? Me conte um. Todo local está morrendo gente. Parece que só morre de covid. Você pode ver, os hospitais estão com 90% de UTI ocupadas, agora o que a gente precisa fazer: quantos são de covid e quantos são de outras enfermidades”, questionou.
Marcelo Queiroga mencionou uma "emergência de saúde pública internacional" e prometeu postura totalmente científica.
“É uma situação complexa e que precisamos nos empenhar para vencer o inimigo comum, que é o vírus. É seguir as recomendações da ciência. O presidente escolheu um médico para o Ministério. Um médico que é oriundo de uma sociedade científica da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que foi sempre que protagonizou a medicina baseada em evidência”, afirmou o novo ministro.
É consenso que a vacinação precisa ser acelerada. Mas Bolsonaro minimizou as críticas sobre a falta de doses.
“A previsão esse ano termos 400 milhões de doses. Daí o cara fala 'quero vacina, cadê a vacina?'. Ou o cara é mal intencionado, mau-caráter, ou é um imbecil”, esbravejou.
O futuro ministro defendeu diálogo com estados e municípios, mas frisou. “A vacina, como sabemos, não vai resolver a curto prazo esses óbitos. O que resolve? política de distanciamento social inteligente e melhorar a qualidade de assistência nas unidades de terapia intensiva”.
Marcelo Queiroga só deve anunciar novas medidas de combate à pandemia depois que tomar posse. Uma das ideias é reforçar os contatos com outros países para conseguir vacinas mais rápido.
Os Estados Unidos, por exemplo, têm em estoque 10 milhões de doses do imunizante da Oxford/Astrazeneca, que ainda não foi aprovado no país.
Nesta quinta, o Planalto divulgou uma carta de 26 de fevereiro de Joe Biden para Jair Bolsonaro, onde o presidente americano fala em “união de esforços para enfrentar a pandemia”.