Israel negou a pausa humanitária na guerra contra o Hamas pedida pelo secretário de Estado Antony Blinken. O governo Netanyahu afirmou que uma trégua só será possível com a libertação dos 240 reféns. O pedido de Blinken para Israel ter mais cuidado com os civis palestinos também não foi atendido: a aviação israelense bombardeou uma ambulância que suspeitou estar transportando terroristas do Hamas, mesmo que estivesse em meio à multidão, diante do hospital Shifa.
O porta-voz militar em Tel-Aviv ficou de apresentar alguma evidência de que a ambulância servia ao Hamas. Quando? Ele não disse. Mas acrescentou que elas foram apresentadas aos aliados.
O secretário Blinken também está costurando uma futura negociação sobre a solução de dois estados para israelenses e palestinos. Nos últimos dias correu em Israel a informação de que na Casa Branca houve uma reunião, com a presença do presidente Biden, para discutir Israel depois de Netanyahu, que não deverá sobreviver ao massacre em Israel, depois da guerra. A expectativa é a de que os israelenses elejam um líder a favor de dois estados. Interlocutor já existe: Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina.
Outra expectativa esvaziada de sexta-feira foi o discurso muito aguardado do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, calado desde o massacre de 7/10 em Israel. Ele gravou um vídeo transmitido em telões para multidões em Beirute. Esperava-se que ele fosse abrir um segundo front na guerra, mas não ousou tanto. Embora comandante do grupo armado mais poderoso do Oriente Médio, treinado pelos iranianos e com experiência de combate, Nasrallah parece ter sido dissuadido pela presença de dois porta-aviões americanos no Mediterrâneo, cuja missão é a de impedir uma expansão da guerra.
O porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, comentou que pensou que o redator dos discursos de Nasrallah tivesse morrido em algum ataque de Israel ao Líbano: “O discurso foi longo e desconexo, muito entediante”.