O Fundo Soberano Russo, que financia a vacina Sputnik, disse nesta quinta-feira (29) que vai processar a Anvisa por difamação por “espalhar informações falsas e imprecisas intencionalmente”, depois que a importação do imunizante do Instituto Gamaleya contra Covid-19 foi reprovada.
Após coletiva da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre negação da importação da vacina Sputnik V contra o novo coronavírus, o Instituto russo usou as redes sociais para apresentar a sua versão. O perfil disse que a agência brasileira admitiu não ter feito testes na vacina
“Em sua coletiva de imprensa hoje, a Anvisa confirmou que não encontrou nenhum adenovírus replicante (RCA) na Sputnik V, mas estava preocupada com o limite regulatório teórico russo para esse parâmetro”, informou a instituição russa.
“Em carta enviada à Anvisa em 26 de março, o Instituto Gamaleya confirma que os controles de qualidade garantem que nenhum RCA esteja presente no Sputnik V.”
“Portanto, o RCA não foi detectado na Sputnik V por nenhum dos controles de qualidade, o que corresponde aos padrões mais rígidos, incluindo FDA e outros. Que bom que a Anvisa está começando a esclarecer a confusão que criou”, concluiu.
E a Anvisa subiu o tom, durante coletiva nesta quinta. Antônio Barra Torres, presidente da agência, afirmou que a “ciência é a única coisa em discussão”. E explicou que não é papel do órgão conduzir a análise direta do produto, o que deve ser feito pelo próprio fabricante.
“A Anvisa atuou com documentos usados pelo próprio desenvolvedor. Onde identificou, o próprio desenvolvedor, a definição da presença do adenovírus replicante”
Na noite da última segunda-feira (26), em decisão unânime dos cinco diretores responsáveis, a Anvisa negou o pedido de importação e uso excepcional da vacina. As gerências técnicas de medicação, fiscalização e monitoramento deram pareceres contra a importação das doses do imunizante.
A Anvisa considerou que não havia transparência suficiente no processo, que nem todos os dados necessários estavam disponíveis. A agência queria que todos os dados - em especial a respeito da replicação do adenovírus - fossem compartilhados para que a análise fosse feita.
Segundo o gerente-geral de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Gustavo Mendes, o caso pode ser retomado caso novas informações cheguem à entidade. “Estamos no aguardo das respostas do instituto. Há margem para recursos, e estamos esperando novas informações sobre a Sputnik”, disse, em entrevista à Rádio BandNews FM.