Os fabricantes da vacina russa Sputnik V contra covid-19 reagiram à decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária de barrar a importação e o uso do imunizante no Brasil.
Um comunicado do Fundo Russo, divulgado nas redes sociais em português, diz que “os atrasos da Anvisa na aprovação do Sputnik V são, infelizmente, de natureza política e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência", dizendo que o departamento de saúde dos Estados Unidos persuadiram o Brasil a rejeitar o uso do imunizante russo em relatório de 2020.
Os fabricantes também relembraram uma pesquisa feita na Argentina e confirmada pelo ministério da saúde do país que comprovou que, entre as pessoas vacinadas com a Sputnik, apenas 0,27% foram contaminadas pela covid-19 - contra 0,46% da Oxford/AstraZeneca e 0,49% da Sinopharm.
Os russos ainda convidaram a agência para um debate público sobre a Sputnik V no Congresso.
Na última segunda (27), as gerências técnicas de medicação, fiscalização e monitoramento da agência deram pareceres contra a importação das doses do imunizante. Segundo a decisão ratificada pelos diretores da Anvisa, o relatório técnico sobre padrões de qualidade da vacina não foi enviado ou localizado junto a autoridades de outros países onde o uso está permitido.
Os técnicos da agência ainda afirmaram que a Sputnik V pode ser prejudicial, pois utiliza um tipo de vírus que pode se multiplicar, causando reações e riscos à saúde.
Com a rejeição, cerca de 75 milhões de doses não podem entrar no Brasil, sendo 37 milhões de governadores do Norte e Nordeste, 28 milhões dos governantes do Centro-Oeste e outras 10 milhões do governo federal.
A farmacêutica União Química, parceira do Instituto Gamaleya para produção da Sputnik no Brasil, disse que doses produzidas em solo nacional poderão ser vendidas a países vizinhos, se não houver aprovação da Anvisa. A empresa descartou ir à Justiça para aprovar a importação e o uso do imunizante.
A Sputnik V tem eficácia geral de 91,6%, de acordo com estudo de fase 3 publicada na revista especializada “The Lancet”. O imunizante já foi aprovado para uso contra a covid-19 em m62 países.