O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Azis (PSD-AM), fez duras críticas à declaração dada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a apoiadores, dizendo que não tem como saber o que acontece nos ministérios. Para o senador, a partir do momento em que o presidente foi informado a respeito de irregularidades na negociação, Bolsonaro optou por não investigar.
“Falava-se que a CPI ia dar em pizza, não ia dar em nada. Era mais uma CPI para querer prejudicar o presidente. Hoje, o presidente disse que não tinha como saber o que acontece no ministério. Presidente, não faça isso. O senhor foi avisado por deputados o que estava acontecendo no ministério três, quatro, cinco meses atrás. Se não tomou providências é porque não quis. Não cola”, disse em entrevista para a BandNews TV.
Para Aziz, não é que o presidente precise saber de tudo o que ocorre dentro dos ministérios. “É impossível um presidente saber o que se passa dentro do ministério profundamente. Mas, a partir do momento em que o presidente é informado, qual era o papel dele? Era investigar, e ele não o fez", diz.
“Até acredito que ele não saiba de tudo, o presidente sabe superficialmente. Agora, no momento em que você recebe, como chefe da nação, uma denúncia trazida por um deputado federal que diz: ‘estão pressionando meu irmão para aprovar uma licença de uma vacina e querem pagar esse tanto’. Qual é o papel de qualquer um de nós? É mandar investigar!", afirmou Aziz, lembrando que Bolsonaro poderia ter escalado órgãos como a AGU (Advocacia-Geral da União) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), por exemplo.
De acordo com Aziz, o deputado Luis Miranda se comprometeu a entregar aos integrantes da CPI da pandemia o dossiê que ele apresentou ao ministro Onyx Lorenzoni, que “não tomou providências e o engavetou”. “Ninguém do governo chamou o deputado Luis Miranda de mentiroso ainda”, destacou.
Aziz lembrou que Bolsonaro não será chamado para prestar depoimento. A CPI só deve se pronunciar quando tiver o relatório final.
Depoimento do líder do governo na Câmara
Aziz disse ainda que o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), pode depor nesta sexta-feira.
Barros foi citado na última semana, durante o depoimento do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), com um dos envolvidos em irregularidades no processo de compra da vacina Covaxin. Nas palavras de Miranda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sabia do envolvimento de Barros no processo.
Além dele, os senadores querem o depoimento de um servidor público identificado como Rodrigo, que era chefe de Luís Ricardo Miranda (irmão do deputado) no Ministério da Saúde. Rodrigo teria informado a colegas do ministério a respeito de gestores em busca de propina na compra de vacinas.
“Nesta terça, vamos aprovar a convocação de algumas pessoas. Se não ouvirmos o Rodrigo nesta sexta-feira, será o deputado Ricardo Barros. Quem não for ouvido na sexta será transferido já para a terça que vem", informou Aziz em entrevista à BandNews TV.
Segundo o senador amazonense, a comissão deve apurar ainda a ligação entre Eduardo Pazuello, ex-ministro da saúde, e outros envolvidos na negociação de compra da Covaxin.
“A senadora Simone (Tebet, MDB-MS) pediu uma acareação entre o ministro Pazuello e outras pessoas que estão nesse contexto da Covaxin”, informou.
Na quarta-feira, a CPI deve ouvir o empresário Carlos Wizard, que desembarcou no Brasil hoje. Na agenda da semana, representantes da Precisa, envolvida no escândalo da Covaxin, devem ser ouvidos na quarta-feira.