Deputado diz que Bolsonaro citou Ricardo Barros em negociação por Covaxin

Luís Miranda diz que presidente sabia de participação de líder do governo na Câmara em negociação

Da Redação, com Jornal da Noite

Em seu depoimento nesta sexta-feira (25) à CPI da Pandemia, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) revelou aos senadores que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), está envolvido nas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

Em fevereiro, o governo federal anunciou a compra de 20 milhões de doses do imunizante fabricado pela farmacêutica Bharat Biotech, embora ainda sem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso definitivo ou emergencial. Cada vacina custaria US$ 15, embora o preço estipulado pela fabricante fosse de US$ 1,34.

Segundo Miranda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sabia do envolvimento de integrantes da base governista na compra das vacinas. Questionado pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), revelou o nome de Ricardo Barros, ministro da Saúde durante o governo de Michel Temer e atual líder do governo na Câmara..

“É o deputado Barros que o presidente falou”, afirmou Miranda, indo além.

 “Não me sinto pressionado para falar. Queria ter dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar. Apontar um presidente da República, que todo mundo defende como uma pessoa correta, honesta, que sabe que tem algo errado, sabe o nome, sabe quem é e não faz nada por medo da pressão que ele pode levar do outro lado? Que presidente é esse que tem medo da pressão de quem está fazendo o errado? De quem desvia dinheiro?”, continuou (veja o trecho abaixo).

Durante o depoimento, Miranda reproduziu um diálogo com Bolsonaro, deixando claro que o presidente sabia da participação de Barros nas negociações.

“Ele (Bolsonaro) cita para mim assim: 'Vocês sabem quem é, né? Sabem que ali é f... e tal. Se eu mexo nisso aí, você já viu a merda que vai dar'. (Bolsonaro) falou assim: 'Isso é fulano', para mim e para o meu irmão. Vocês sabem que é fulano, né?’”, reproduziu.

Após a menção a seu nome, o deputado Ricardo Barros recorreu às redes sociais para negar qualquer envolvimento na compra da vacina indiana.

“Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. Não sou esse parlamentar citado, a investigação provará isso”, afirmou.

Indicação

Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado e servidor do Ministério, afirmou horas antes em depoimento que Regina Celia Silva de Oliveira teria dado o aval para a compra da Covaxin no dia 22 de março. A autorização caberia ao próprio Miranda.

De acordo com o jornalista Leandro Demori, do site The Intercept, Regina teria sido nomeada pelo próprio Ricardo Barros. O deputado também negou qualquer envolvimento.

“Também não é verdade que eu tenha indicado a servidora Regina Célia como informou o senador Randolfe (Rodrigues, Rede-AP). Não tenho relação com esse fatos”, escreveu Barros no Twitter.

O senador Humberto Costa (PT-PE) informou que prepara um requerimento para que a servidora deponha na CPI, “para que ela explique por que autorizou a continuidade desse processo, depois das irregularidades que nós vimos aqui”.

Questionado por Randolfe se Regina Célia foi nomeada pelo então ministro Ricardo Barros, Luís Ricardo disse não saber.

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