Canal Livre: “Rússia está desafiando poder hegemônico dos EUA”, diz especialista

Programa recebeu o professor de relações internacionais Leonardo Trevisan e os jornalistas Roberto Godoy e Yan Boechat

Por Da redação

A repercussão internacional da Guerra na Ucrânia, passando pelas negociações e as implicações na economia e na geopolítica, foram assuntos abordados no Canal Livre deste domingo (06). O programa recebeu o professor de relações internacionais de ESPM, Leonardo Trevisan. Também participaram do programa o jornalista do Grupo Estado e especialista na área militar, Roberto Godoy, e o correspondente Yan Boechat, direto da Ucrânia.

O jornalista Yan Boechat, que está no front da guerra, vem fazendo uma cobertura especial para o Grupo Bandeirantes. Yan falou sobre a situação dos refugiados que estão tentando sair da Ucrânia e mostrou a situação em Lviv, que ainda não sofreu ataques.  

“As pessoas chegam na estação de toda parte. Gente normal, que até semana passada levava uma vida normal. A estação de Lviv está lotada com pessoas esperando os trens para ir para a Polônia. Não houve ataques em Lviv, mas as sirenes tocam quase todos os dias. A ONU estima que 4 milhões de pessoas deixem a Ucrânia para outros países e mais 6 milhões se desloquem dentro do país, totalizando 10 milhões de imigrantes” afirmou o correspondente.

Em entrevista aos jornalistas Rodolfo Schneider, Fernando Mitre e Thays Freitas, o professor Trevisan disse que estamos acompanhando uma guerra conectada, bem diferente de outros conflitos. 

“Essa tristeza dos refugiados que estamos acompanhando é por conta dessa ‘nova guerra’, a guerra conectada, como disse Thomas Friedman. E quando olhamos para isso, podemos ter a dimensão do humano. Uma coisa era assistirmos um correspondente de guerra no Vietnã, com imagens editadas e fotos. Agora podemos acompanhar tudo em tempo real, filmado pelos celulares. A guerra não está longe de nenhum de nós. Nesta guerra, talvez, o celular vença o tanque”.

OBJETIVOS RUSSOS 

Trevisan explicou quais são os objetivos da Rússia com a invasão na Ucrânia. Segundo o professor, objetivos nacionais e de proteção são os principais motivadores para essa ação do presidente Vladimir Putin. 

“O que mais me impactou na conversa entre Macron e Putin foi a frase do presidente francês de que ‘o pior está por vir’. Esse é o ponto!  Nós temos que ler esse processo. A Rússia tem interesse nacionais. Uma situação é o objetivo pretendido, proteger a Rússia. E o outro é o efetivo, que a OTAN não coloque bases na região, pois a distância entre Kiev e Moscou é muito curta. Efetivamente o poder hegemônico dos Estados Unidos está sendo desafiado”.

PARTICIPAÇÃO DA CHINA

O programa também discutiu a participação da China na intermediação do conflito e na política internacional. O ex-embaixador do Brasil nos EUA e Reino Unido, Rubens Barbosa, participou do programa e disse que uma situação fora de controle na Europa não é boa para os chineses. “A China está preocupada com essa situação, pois a China não é inimiga nem dos EUA e nem da Europa. Ela dá apoio a Rússia, mas critica a invasão. A política da China é de não criar problemas! A situação fora de controle não é boa para eles” afirmou o diplomata. 

O professor Leonardo Trevisan complementou, colocando na mesa a questão econômica. “Não há dúvida de que a China está se transformando em um ponto que ‘joga com equilíbrio’. Se olharmos com calma, esse foi o papel dos EUA nos anos 20.  Por exemplo: a China sentou com a Rússia para negociar um novo gasoduto. O contrato é de quase 20 anos. Será quase a mesma coisa em volume de gás, que os russos vendem para a Europa, e venderão para China, mas com uma diferença: os chineses negociaram com valor 40% menor que para a Europa. Os chineses não estão brincando”.

SANÇÕES CONTRA RÚSSIA

As sanções contra a Rússia também foram abordadas no programa. Para Rubens Barbosa, “o objetivo das sanções é criar o maior problema possível para Rússia. O governo dos EUA e da Europa estão sendo cuidadosos em alguns pontos, como por exemplo na exportação de petróleo, pois eles dependem desse material que vem da Rússia. Mas as sanções são muito duras e acho que eles não vão voltar atrás e vão esperar a reação do Putin”.

Já Trevisan destacou a importância russa no mercado internacional. “A Rússia é um grande produtor de commodities do mundo. As sanções em relação à Rússia não vão recuar, assim como a Rússia não vai recuar na Ucrânia! A Rússia não é um país endividado. Deu conta dos saques feitos pela população e conta que o euro vai continuar entrando pela venda do gás para a Europa. Então, é um país ainda fortalecido financeiramente. Mas as sanções são muito duras”, analisou.

PODERIO RUSSO

Roberto Godoy falou sobre o poderio bélico russo. Para o jornalista, que é especialista na área militar, o arsenal russo tem uma variedade enorme de misseis de cruzeiro e de variado porte. Godoy disse que os russos podem escolher a arma certa para acertar determinado alvo, e que os ataques são coordenados para atingir exatamente aquele ponto. 

Já Trevisan alertou para as estratégias que estão sendo adotadas no conflito. “Quando olhamos para a capacidade do ser humano de acabar com seu semelhante, a guerra não faz sentido! Mas quando olhamos pelo lado da estratégia de guerra, tem lógica. Essa é a lógica que a Rússia usou em conflitos recentes: ela tira os civis e depois usam os misseis pesados. A Ucrânia tem deixado os civis lá para tentar evitar isso! Na guerra, a maior vítima é a verdade”, finalizou o professor. 

Galeria de Fotos

Rússia x Ucrânia: Veja imagens da guerra
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Conjunto de prédios danificados em Mariupol, em 3 de abrilPavel Klimov/Reuters
Membros do Serviço de Emergência coletam munição russa na cidade de Bucha State Emergency Service in Kyiv Oblast via Reuters
Resgatistas retiram corpo de um civil após ataque russo a Irpin, em 1º de abrilGleb Garanich/Reuters
A Rússia acusou a Ucrânia de atacar um depósito de combustíveis em território russo na cidade de BelgorodReuters
Míssil russo deixa mortos e "buraco" em prédio do governo de Mykolaiv, perto de OdessaState Emergency Service of Ukraine via Reuters
Buraco atingiu vários andares no meio do prédio da sede do governo da cidade ucranianaNacho Doce/Reuters
Carro esportivo armado perto de prédio alvejado na administração estadual regional de MykolaivNacho Doce/Reuters
Membro do resgate observa destruição em parte do prédio da administração estadual regional de MykolaivState Emergency Service of Ukraine via Reuters
O governador regional, Vitaly Kim, afirmou que as equipes de resgate procuravam mais vítimas nos escombrosNacho Doce/Reuters
Sophia, 16, que foi separada da mãe, viúva, durante a guerra, abraça o seu irmão Mykhaylo, 8, em abrigo de Lviv, na Ucrânia Zohra Bensemra/Reuters
Voluntários cobrem estátua de Santo André em Kiev com sacos de areia para proteger o monumento de ataques russoVladyslav Musiienko/Reuters
Voluntário distribui comida doada para a população em Mykolaiv, no sul da UcrâniaNacho Doce/Reuters
Um mulher de Kharkiv reencontra amigas de Chernihiv após fuga para a RomêniaClodagh Kilcoyne/Reuters
Shopping na região de Kiev destruído após ataque russoMarko Djuricá/Reuters
Homem carrega cachorro pouco tempo após ataque russo que atingiu shopping center em KievSerhii Nuzhnenko/Reuters
A tenente Tetiana Chornovol, ex-deputada e que opera o sistema antitanque manuseia lançador que transportou seu carro em KievGleb Garanich/Reuters
Homem anda por área residencial de Kiev destruída em bombardeio russoMarko Djurica/Reuters
Membro das forças ucranianas checa a artilharia em sua base em KievGleb Garanich/Reuters
Mãe de Ivan Skrypnyk, major morto no ataque russo à base militar de Yavoriv, durante funeral em 17 de marçoPavlo Palamarchuk/Reuters
Pedaço de concreto sobre cama de apartamento residencial destruído em Kiev, em 17 de marçoThomas Peter/REUTERS
Escola é destruída durante bombardeio em Kharkiv, na UcrâniaOleksandr Lapshyn/Reuters
Voluntários brincam com crianças refugiadas da Ucrânia na PolôniaFabrizio Bensch/Reuters
Soldado ferido no ataque à base militar de Yavoriv em hospital local, em 13 de marçoKai Pfaffenbach/REUTERS
Região da base militar de Yavoriv após ataque aéreo russo, que deixou mais de 30 mortos em 13 de março@BackAndAlive/via Reuters
Bombeiros atuam em escombros de prédio atingido por mísseis em Kharkiv, em 14 de marçoVitalii Hnidyi/Reuters
Bombeiros de Kiev atuam para apagar incêndio em prédio residencial atingido por ataque russo, em 15 de marçoMarko Djurica/Reuters
Jornalista americano ferido em ataque em Irpin sendo atentido. Nessa ação, morreu o videodocumentarista Brent Renaud, em 12 de marçoReuters
Capelão militar abençoa soldado antes de ir para frente de batalha na região de Kiev, em 13 de marçoThomas Peter/Reuters
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky faz selfie com um soldado ferido em um hospital de Kiev, em 13 de marçoUkrainian Presidential Press Service via Reuters
Cratera em centro cultural atingido por explosivo em Byshiv, próxima à Kiev, em 12 de marçoThomas Peter/Reuters
Tanque destruído em área residencial de Volnovakha, na região separatista de Donetsk, em 12 de marçoAlexander Ermochenko/Reuters
Escombros de uma fabrica de sapatos após ataque russo em Dnipro, em 12 de marçoMykola Synelnikov/Reuters
Estádio Iuri Gagarin, em Chernihiv, danificado após ser alvo de explosivosFC Desna/Facebook/Divulgação
Estádio Iuri Gagarin, em Chernihiv, danificado após ser alvo de explosivosFC Desna/Facebook/Divulgação
Refugiados ucranianos atravessam a fronteira com a Romênia por balsaStoyan Nenov/Reuters
Civis que se voluntariaram para entrar para a Força de Defesa Territorial treinam com armas em Odessa, na UcrâniaAlexandros Avramidis/Reuters
Crianças dormem em centro esportivo convertido em centro de refugiados na PolôniaPiotr Skornicki/Agencja Wyborcza.pl via REUTERS
Monumento do Duque de Richelieu, fundador da cidade ucraniana de Odessa, foi quase todo coberto com sacos de areia para proteção contra ataques russosAlexandros Avramidis/Reuters
Homem carrega cachorro na fuga de Irpin, próxima a Kiev, em 9 de marçoMaksim Levin/REUTERS
Destruição em Sumy, uma das cidades mais atingidas pelos ataques e que tem corredor humanitário para fugaAndrey Mozgovoy/Reuters
Em Odessa, Esyea (6 anos) se despede da mãe em ônibus com refugiados. Ela está no colo da irmãAlexandros Avramidis/REUTERS
Em Irpin, policial se despede do filho, que fugiu com o resto da família por conta dos ataques russosThomas Peter/Reuters
Moradores de Irpin atravessam ponte danificada por bombardeio, em 7 de março. A cidade perto de Kiev é alvo de intensos ataquesCarlos Barria/Reuters
Antonov An-225 Mriya destruído no hangar do aeroporto de Hostomel em ataque no fim de fevereiroTV estatal russa/Reprodução
Parte de um míssil perto de um terminal de ônibus em Kiev, em 4 de marçoValentyn Ogirenko/Reuters
Mulher verifica destruição em casa atingida em Horlivka, na região separatista de Donetsk, em 4 de marçoAlexander Ermochenko/Reuters
Pessoas tentam embarcar em trem de Kiev para Lviv, em 4 de marçoGleb Garanich/Reuters
Bombeiro em destroços de escola atingida por bombas em Zhytomyr, em 4 de marçoViacheslav Ratynskyi/Reuters
Prédios residenciais após explosões em Borodyanka, na região de Kiev, em 3 de marçoMaksim Levin/Reuters
Comboio de veículos russos destruídos em Borodyanka, perto de Kiev, em 3 de marçoMaksim Levin/Reuters
Torre de TV atingida por explosivo em Kiev, em 1º de marçoReuters
Tanque destruído na cidade de Bucha, próxima de Kiev, em 2 de marçoSerhii Nuzhnenko/Reuters
Prédio do governo de Kharkiv após ser atingido por míssil russoCarlos Barria/Reuters
Sede do governo em Kharkiv é bombardeada nesta terça, 01 de marçoVyacheslav Madiyevskyy/Reuters
Edíficios residenciais destruídos por explosivos em Irpin, perto de Kiev, em 2 de marçoSerhii Nuzhnenko/Reuters
Gleb Garanich/ReutersPrédio em Kiev atingido e destruído por foguetes russos em 26 de fevereiro
Universidade Nacional de Kharkiv, danificada por ataques em 2 de marçoReuters
Casa destruída por ataque na região separatista de DonetskAlexander Ermochenko/Reuters
Vista da destruição de uma fábrica em Kharkiv, em 28 de fevereiroREUTERS
Criança brinca em parque diante de prédios atingidos por ataque em Kiev REUTERS/Umit Bektas
Área residencial nos arredores de Kiev atingida durante ataque russo REUTERS/Umit Bektas
Ponte destruída por explosivos em Bucha, cidade próxima a Kiev, em 28 de fevereiroMaksim Levin/Reuters
Prédio em Kharkiv danificado por bombardeios russos em 27 de fevereiro, na ação contra a segunda maior cidade da UcrâniaVitaliy Gnidyi/Reuters
A Rússia iniciou ofensiva contra a Ucrânia nesta quinta-feira (24)Ukrainian State Emergency Service/Handout via REUTERS
Interior de veículo russo Tigr-M destruído em Kharkiv, em 28 de fevereiroVitaliy Gnidyi/Reuters

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