Após ficar em silêncio durante o depoimento à Polícia Federal, na última quarta-feira (18), sobre suposta omissão no combate aos extremistas que atacaram prédios dos três poderes, o ex-ministro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, deve ser ouvido novamente na próxima segunda-feira (23). Uma ordem referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) o mantém preso.
A orientação pelo silêncio foi dada pelos advogados, que alegam que ainda não tiveram acesso a toda a documentação referente à investigação. À PF, Torres se limitou a dizer que não tinha o que falar, conforme apurou a equipe de reportagem da Band Brasília.
Segundo a AGU, órgão do governo federal que solicitou o pedido de prisão junto ao ministro Alexandre de Moraes (STF), o então secretário de Segurança do DF foi omisso e conivente com os atos golpistas. No dia 8 de janeiro, prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Suprema Corte foram invadidos e depredados.
O então secretário de Segurança teria sido avisado dos atos com dois dias de antecedência pela área de inteligência da Segurança do DF. No dia do ataque, Torres estava nos Estados Unidos.
Além da suposta omissão, Torres também terá que explicar a minuta achada na casa dele pela PF, documento que, de forma inconstitucional, permitiria ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) mudar o resultado das eleições. Na prática, o chefe de Estado decretaria estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e implantaria uma “comissão eleitoral” formada, majoritariamente, por militares.
O ex-secretário usou as redes sociais, antes da prisão enquanto desembarcava no Aeroporto Internacional de Brasília, para negar omissão e conivência com o movimento extremista. Sobre a minuta, ele negou golpismo, mas não revelou quem o entregou.