Com pedido de recuperação judicial apresentado na terça-feira (29), a agência de viagens digital 123 Milhas soma cerca de R$2,3 bilhões em dívidas.
A maior parte - R$2,2 bilhões - está com os credores chamados de quirografários, que não tem garantia de recebimento. O grupo compreende os consumidores da 123 Milhas e da HotMilhas, além de fornecedores e instituições financeiras.
Entre os credores desse tipo, o maior montante devido para uma pessoa física está em nome de Alexandre Goulart, com quem a empresa tem dívida de R$8,5 milhões. A agência de viagens também deve R$2,65 milhões para Aline Goulart, sua parente.
Alexandre é dono de postos de gasolina em Piumhi, município de 39 mil habitantes de Minas Gerais. Donos da 123 Milhas, a família de Augusto, Ramiro e Tânia Soares Madureira é tradicional produtora e exportadora de café da cidade. A lista completa de credores quirografários soma mais de 1,5 mil páginas.
Os próprios sócios, que emprestaram dinheiro para a própria empresa, são credores. Para Ramiro, são devidos R$ 3,7 milhões, para Augusto, R$ 1,5 milhão e para Tânia Silva Soares Madureira, R$ 2 milhões.
Além dos quirografários, a agência de viagens ainda deve R$15 milhões em processos trabalhistas e R$92 milhões para micro ou pequenas empresas.
A Justiça de Minas Gerais já recebeu cerca de 1,6 mil processos contra a 123 Milhas, que desde o último dia 18 vem cancelando pacotes de viagem. Em média, são 6 processos por hora. Saiba mais no vídeo abaixo.
Com quais empresas a 123 Milhas tem mais dívidas
Banco do Brasil - banco: R$74,5 milhões
- Google - tecnologia: R$ 50,5 milhões
- BMP- banco: R$30,2 milhões
- Iterpec - turismo: R$ 25,8 milhões
- Ezlink - turismo: R$ 15,5 milhões
- Diversa Turismo: R$ 13,8 milhões
- Restels - rede de hotéis: R$ 12,5 milhões.
- Confiança Agência de Passagens e Turismo: R$ 11 milhões
- Hero - corretora de seguros: R$8,4 milhões
- Facebook - tecnologia: R$5,5 milhões
- Caixa Econômica Federal - banco: R$ 4,9 milhões
- Flytour - turismo: R$ 4,8 milhões.
A 123 Milhas é a segunda maior anunciante do país, com R$ 1,28 bilhão investidos em mídia no ano passado, segundo ranking Agências & Anunciantes. Daí vêm as dívidas com empresas como Google e Facebook.