A vitória do Japão por 2 a 1 sobre a Alemanha, pela primeira rodada do Grupo E da Copa do Mundo de 2022, teve grande repercussão nos principais jornais germânicos. Mas não apenas pelo resultado adverso: a manifestação dos alemães antes e durante o jogo em Al-Rayyan mereceu bastante atenção.
Na hora de posarem para a foto do jogo, os jogadores da Alemanha taparam a boca. Nas redes sociais, a DFB (Federação Alemã de Futebol) afirmou que o gesto foi uma resposta ao veto à faixa de capitão que o goleiro Manuel Neuer utilizaria, com a mensagem One Love em apoio às populações LGBTQIA+.
“Com a nossa braçadeira de capitão, queríamos dar o exemplo de valores que vivemos na seleção: diversidade e respeito mútuo”, escreveu a entidade, alegando que “os direitos humanos são inegociáveis”.
O protesto na foto não chegou a ser originalmente exibido na transmissão internacional, mas as imagens foram posteriormente recuperadas. Entre alguns dos principais veículos da imprensa da Alemanha, o gesto dos jogadores em defesa da faixa ganhou destaque.
“Muitos torcedores queriam se envolver após o debate sobre a braçadeira ‘One Love’”, registrou o jornal Die Welt. “Pode não ter sido o sinal que muitos fãs esperavam, mas foi um sinal. Quando a seleção alemã se reuniu para uma foto posada um minuto antes do início do jogo, os jogadores cobriram a boca. Foi um gesto coletivo para dizer: ‘Queríamos dar um sinal diferente, talvez mais claro, para os direitos humanos, mas fomos proibidos de fazê-lo sob ameaça de sanções. Fomos proibidos de falar’.”
Se a braçadeira foi vetada em campo, ganhou apoio fora dele. Na área VIP do estádio, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, utilizou o adereço com a mensagem One Love ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, e do presidente da DFB, Bernd Neuendorf.
Segundo o jornal Frankfurter Allgemeine, “a política do SPD (Partido Social Democrático) escondeu o objeto primeiro sob o blazer rosa, que tirou após o pontapé inicial”. A própria ministra registrou no Twitter uma foto com a braçadeira.
O veto à braçadeira gerou protestos na Alemanha, inclusive nos bastidores. Mesmo assim, o time encontrou maneiras de driblar as restrições – como nos detalhes coloridos das chuteiras de Manuel Neuer.
“A Fifa havia ameaçado com sanções as nações europeias cujos capitães quisessem usar a braçadeira colorida. A DFB, o técnico Hansi Flick e os políticos reagiram com indignação”, registrou o jornal Süddeutsche Zeitung.
“Os jogadores da DFB entraram no estádio e em campo com jaquetas brancas com finas listras coloridas nas mangas. (Mas) é pouco provável que as jaquetas fizessem parte de um protesto. Eles geralmente estão disponíveis na loja online da fabricante esportiva”, garantiu o Hamburger Morgenpost.