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De Vettel a Ricciardo: a semana que virou a Fórmula 1 de cabeça para baixo

Emanuel Colombari

Imagem: BWT Alpine F1 Team
Imagem: BWT Alpine F1 Team

De 27 de julho a 3 de agosto, a Fórmula 1 viveu uma silly season – a boa e velha “dança das cadeiras” – como há muito não se via. Uma semana que bagunçou o que parecia certo e desmanchou no ar tudo que era sólido, partindo da aposentadoria de Sebastian Vettel na Aston Martin e chegando à situação de Daniel Ricciardo na McLaren.

Vamos do começo. A Aston Martin precisou de quatro dias para conseguir contratar Fernando Alonso para a vaga de Sebastian Vettel em 2023. Mais exatamente, de 28 a 31 de julho, fim de semana do Grande Prêmio da Hungria, no circuito de Hungaroring.

Desde que soube na noite de quarta-feira (27) que Vettel iria se aposentar no fim de 2022, Lawrence Stroll buscou um nome experiente para seguir a condução do processo de ascensão planejado para os próximos anos. Alonso, contratado pela Alpine até o fim de 2022, era uma das alternativas – mas não a única.

Segundo o jornal espanhol AS, diversos nomes foram cogitados para substituir o tetracampeão, mas todos eles já com contratos para 2023 – Pierre Gasly (AlphaTauri), Kevin Magnussen (Haas) e Daniel Ricciardo (McLaren). Nico Hulkenberg, reserva da Aston Martin, não chegou a ser avaliado. Mick Schumacher (Haas), o preferido de Vettel para o posto, também não chegou a entrar entre as prioridades.

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Naquele momento, Alonso já vinha negociando sua renovação com os franceses. Seu objetivo era fechar por duas temporadas, até o fim de 2024. A Alpine relutava e oferecia uma contraproposta: renovar por um ano, com opção de prorrogação por mais um ano no fim de 2023.

A opção dizia respeito a um problema que a Alpine tinha com Oscar Piastri. Por contrato, os franceses precisavam assegurar ao australiano uma vaga como titular na Fórmula 1 em 2023, fosse pela própria equipe, fosse por outra. Assim, naquele momento, o time tentava ganhar tempo: colocavam Piastri no grid em 2023, e decidiriam no fim do ano quem ficaria ao lado de Esteban Ocon a partir de 2024. O destino mais cotado para Piastri era a Williams, como possível substituto de Nicholas Latifi.

Não era o que Alonso queria, mas parecia a melhor alternativa para ele se quisesse tentar um lugar na F1 em 2024. Por isso, o chefe de equipe da Alpine, Otmar Szafnauer, demonstrava cautela a respeito da situação do espanhol, afirmando sempre que as partes vinham conversando e que dependiam de detalhes para que o cenário se definisse. Se não desse certo, o time teria Piastri como uma carta na manga.

No motorhome ao lado, Lawrence Stroll observava e também conversava com Alonso – Szafnauer sabia das conversas, mas entendia que o espanhol tinha direito de avaliar opções. Ciente dos planos de Alonso, Stroll foi para cima: ofereceu dois anos de contrato e salários de 20 milhões de euros por ano, bem mais do que Laurent Rossi e companhia estavam dispostos a investir. Estava definido.

Ao deixar a Hungria no domingo (31), Alonso chegou a negar a Szafnauer que tinha contrato assinado com a Aston Martin. O dirigente só soube do acerto no dia seguinte, segunda-feira (1º), quando a equipe britânica anunciou o acerto.

Àquela altura, a porta estava aberta para que o time acertasse com Oscar Piastri. Mas eis que surgiu mais um problema: segundo a imprensa internacional, o contrato com o australiano previa a definição até o fim de julho. A partir daí, Piastri poderia conversar com quem quisesse para 2023. E tudo indica que ele assim o fez – os indícios apontam para um acerto com a McLaren, para a vaga de Daniel Ricciardo.

Assim, a Alpine anunciou Piastri como titular nesta terça-feira (2) – fosse em uma tentativa desesperada de garantir o piloto, fosse por acreditar na validade do compromisso firmado. O piloto não quis saber: foi às redes sociais e disse que não corre pela escuderia francesa em 2023.

Imagem: BWT Alpine F1 Team

E a Williams? Agora disputa Piastri com a McLaren, e o estreante já indicou não estar muito a fim de correr na última colocada do Mundial de construtores. Para piorar, Nicholas Latifi tem mais concorrentes: Nyck de Vries e Logan Sargeant.

O público agora aguarda os próximos movimentos para saber quem corre onde. Em jogo, os destinos de Ricciardo e Piastri. A Alpine sinaliza que pode ir aos tribunais para ter o jovem australiano, mas já indica que ter o compatriota mais velho não será problema.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.