A Honda teve duas passagens pela Fórmula 1 como equipe própria, e não conseguiu fazer frente às principais forças em nenhuma delas. Na primeira passagem, entre 1964 e 1968, contou com pilotos como Richie Ginther e John Surtees, mas conquistou apenas duas vitórias em cinco anos. Na segunda, de 2006 a 2008, a dupla formada por Jenson Button e Rubens Barrichello conseguiu apenas uma vitória, deixando a categoria e abrindo espaço para que ambos corressem em 2009 pela sucessora, a surpreendente Brawn GP.
Mas a história poderia ter sido bem diferente na segunda passagem: entre 2006 e 2007, o time esteve bem perto de contratar um jovem alemão chamado Sebastian Vettel.
Quem conta a história é Otmar Szafnauer, que trabalhou na Honda entre 2001 e 2008. Em entrevista ao site Motorsport.com, o romeno disse sempre ter mantido uma boa posição com Vettel – a ponto de ter sido procurado pelo alemão, em busca de uma vaga na equipe japonesa.
O jovem piloto alemão era considerado um talento em ascensão na Europa. Campeão da Fórmula BMW alemã em 2004 e quinto colocado na Fórmula 3 europeia em 2005, acabou promovido ao posto de piloto de testes da equipe BMW-Sauber na F1.
Mas a BMW não era a única que apostava alto no alemão. Vettel foi um dos primeiros integrantes do programa de revelação de pilotos da Red Bull, e contava com o apoio da marca para subir degraus rumo à Fórmula 1.
Mas antes de estrear na F1, Vettel ficou brevemente sem contrato com a BMW e com a Red Bull. Foi então que procurou Otmar Szafnauer para tentar um contrato com a Honda.
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“Seb veio e me disse: ‘Eu tenho uma janela de duas semanas’. Ele era jovem – tinha uns 19 anos, não sei”, contou Szafnauer. “‘Tenho uma janela de duas semanas sem contrato com a Red Bull e com a BMW. E aí, vocês têm interesse em me contratar?’”, reproduziu.
O romeno então levou a possibilidade a Gil de Ferran, que vinha ocupando o cargo de diretor-esportivo da Honda. Segundo Szafnauer, porém, o brasileiro não demonstrou muita pressa no acerto com o jovem piloto.
“Então eu fui até Gil e disse: ‘Temos uma janela de duas semanas para contratar Seb Vettel’. Ele disse: ‘Não se preocupe, eu estou de olho nele’. ‘O que você quer dizer? Está de olho nele? Temos duas semanas’”, descreveu Szafnauer. “De qualquer jeito, acabou que nós não o contratamos.”
A brecha contratual durou pouco. Em junho de 2007, no GP dos Estados Unidos, Vettel estrou na Fórmula 1 pela BMW-Sauber como substituto de Robert Kubica, que havia sofrido um grave acidente no GP do Canadá. No mês seguinte, liberado pela BMW, estreava como titular da Toro Rosso, equipe satélite da Red Bull.
Fora da Honda, Szafnauer chegou em 2009 à Force India e só deixou o time no começo de 2022, quando a equipe já se chamava Aston Martin. Desde então, trabalha como chefe de equipe da Alpine.
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.