Notícias

'Senti algo escorrendo': o relato de Guanyu Zhou do capotamento no GP da Inglaterra

Emanuel Colombari

Imagem: Reprodução
Imagem: Reprodução

Cerca de oito segundos separaram o momento em que a Alfa Romeo de Guanyu Zhou foi tocada pela Mercedes de George Russell na largada do Grande Prêmio da Inglaterra do momento em que o carro do chinês repousou arrebentado entre uma barreira de pneus e um alambrado em Silverstone.

Durante este intervalo, que pode tanto ser rápido como pode ser uma eternidade, Zhou teve ciência de praticamente tudo que estava acontecendo. E mais do que isso: conseguiu reagir às ações do carro, de forma a se manter o mais seguro possível em uma situação como aquela.

Leia também:

Nesta quinta-feira (7), o chinês descreveu o que vivenciou durante os segundos do acidente que sofreu no GP da Inglaterra. Em relato impressionante, conta que se preocupou com o risco de um incêndio enquanto o carro estava de cabeça para baixo à espera de atendimento.

“A primeira coisa que eu tentei fazer foi afastar minha mão do volante. Você nunca sabe, você pode quebrar a mão facilmente em uma batida como aquela”, explicou o piloto segundo o site oficial da Fórmula 1.

O procedimento, neste caso, é um padrão. Em caso de acidentes inevitáveis, como escapadas da pista rumo a muros de pneus, os pilotos soltam o volante para evitar o ricochetear da peça no impacto.

“A próxima coisa que eu tentei fazer... Quando eu estava rolando pelo chão, eu sabia que enfrentaria um grande impacto, porque o carro não estava parando. Eu tentei me fechar na posição mais segura possível. Preparando-me para o último impacto”, descreveu.

“Então, estava segurando minhas mãos para trás, mas mantendo-as razoavelmente tensas, para que não saíssem voando por aí quando eu tivesse o último impacto”, completou.

'Eu não sabia onde estava'

Nos instantes finais, o carro desacelera no fim da brita, gira duas vezes no ar e bate em um alambrado, caindo de ponta-cabeça atrás de uma barreira de pneus. Desorientado, Guanyu Zhou sentiu algo escorrer, e mais uma vez agiu rápido.

“Basicamente, eu estava esperando pela última pancada. E uma vez que basicamente parou, eu não sabia onde estava, porque eu estava de cabeça para baixo”, contou.

“A próxima coisa que senti foi que algo estava escorrendo. Eu não sei, não tinha certeza se era do meu corpo ou do carro, então tentei desligar o motor – o motor ainda estava ligado. Eu sabia que, se um incêndio começasse, seria difícil de sair. Então, desliguei o motor.”

Leia também:

Resgatado após alguns minutos, Guanyu Zhou foi levado para o centro médico de Silverstone, de onde recebeu alta ainda no domingo (3). Nesta quinta-feira (7), passou por últimos exames médicos, que deram a ele o aval para disputar o Grande Prêmio da Áustria neste final de semana.

No fim das contas, era essa a preocupação do piloto. “Na noite de domingo, eu estava mandando mensagem para meus engenheiros: ‘Tudo bem com o meu assento?’. Embora seja óbvio que o motor leva algum tempo (para ser consertado), os assentos são muito importantes, muito confortáveis”, disse.

“Fora isso, estou muito feliz de ter corridas consecutivas. Se tivéssemos uma pausa de verão (no hemisfério norte) depois disso, seria terrível – vocês ficariam me perguntando coisas e eu ficaria pensando nisso”, completou.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.