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Seis países que tentaram, mas não conseguiram receber corridas da F1

Emanuel Colombari

Catedral de São Basílio, em Moscou (Imagem: Michael Siebert/Pixabay)
Catedral de São Basílio, em Moscou (Imagem: Michael Siebert/Pixabay)

Quem é fã de Fórmula 1 já se acostumou a ver diversos circuitos cogitados no calendário. De Port Imperial (Estados Unidos) a Zhuhai (China), passando pelo Igora Drive (Rússia), vários locais sonharam em vão com uma etapa da principal categoria do automobilismo mundial. E até o Brasil está na lista, com o Autódromo de Deodoro (Rio de Janeiro), que não foi adiante.

Mas os projetos citados têm algo em comum: aconteceriam em países que já recebem a Fórmula 1. E com a ampliação do calendário nas mais recentes temporadas, não são exceções. Países como Arábia Saudita, Espanha e Inglaterra quiseram (ou querem) hospedar pelo menos duas corridas cada por ano. Os Estados Unidos conseguiram três.

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Ao mesmo tempo, diversos países "inéditos" já tentaram receber corridas de Fórmula 1, e também não conseguiram. De conversas teóricas a etapas confirmadas (e depois canceladas), nações pelo mundo sonharam com o dia em que colocariam suas respectivas bandeiras no calendário.

Conheça seis casos:

Colômbia

Em outubro de 2022, o CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali, visitou a cidade de Barranquilla (Colômbia) para conversar com autoridades locais a respeito da possibilidade da realização de um Grande Prêmio a partir de 2028. O local escolhido seria uma região da cidade conhecida como Malecón, marcada por uma revitalização recente e pela instalação de praças e parques. O prefeito Jaime Pumaredo se mostrou otimista com a possível prova, chamada de Grande Prêmio do Caribe.

A ideia, porém, já parece ter sido abandonada. Segundo Juan Pablo Montoya, ex-piloto de Williams e McLaren na F1, a questão “estava 95% resolvida” até o fim de 2022, “mas alguém bagunçou algo e eu não sei o que foi”. Ao site colombiano Semana, Montoya indicou que uma possível corrida de rua em Madri pode ter tomado a vaga que seria de Barranquilla.

Malecón (Imagem: Prefeitura de Barranquilla)

Dinamarca

Kevin Magnussen não foi o primeiro piloto dinamarquês na Fórmula 1 – a primazia coube a Tom Belso, com provas em 1973 e 1974. Mesmo assim, empolgou os compatriotas, a ponto de a F1 discutir um possível Grande Prêmio da Dinamarca.

Em 2018, Chase Carey (CEO da Fórmula 1 entre 2017 e 2020) foi a Copenhague para conversar sobre a realização da prova a partir de 2020. Hermann Tilke chegou a avaliar um circuito de rua de cerca de 4,6 km, mas os planos jamais saíram do papel.

Polônia

Robert Kubica surgiu na F1 como um raio. Estreou em 2006, conseguiu um pódio na terceira corrida, venceu o GP do Canadá em 2008 e era visto como um potencial campeão. Porém, um grave acidente na pré-temporada de 2011 interrompeu os planos do polonês, que só voltou a competir pela categoria em 2019 pela Williams, quando o time pouco podia oferecer ao talento do piloto.

A ascensão de Kubica fez a Polônia sonhar com um GP no fim da década de 2000. O circuito escolhido foi o Tor Poznán, de pouco mais de 4 km. Marc Gené até fez uma exibição com uma Ferrari no local em 2007, mas tudo indica que a possibilidade não foi discutida de verdade. A pista chegou a receber a Fórmula 3 Centro-Europeia em 2021 e 2022.

Quênia

Em 2013, Alfred Mutua assumiu o cargo de governador do condado de Machakos, no Quênia, e prometeu a construção de um circuito de Fórmula 1. A pista seria parte do projeto de modernização da cidade de Machakos, capital do condado.

O traçado de 4 km foi inaugurado por Mutua em abril de 2022, mas não há registros de negociações com a Fórmula 1. A categoria demonstra interesse em voltar a correr na África (já realizou provas na África do Sul e no Marrocos), mas sem indícios de que os quenianos estejam na disputa.

Alfred Mutua na inauguração do circuito de Machakos (Imagem: Kenya News Agency)

União Soviética

A partir do fim de 1980, a Fórmula 1 começou a conversar com a União Soviética a respeito da realização de uma etapa no país. A partir daí, diversas propostas de circuitos foram apresentadas, utilizando principalmente as ruas de Moscou. O plano inicial era de um traçado de pouco mais de 4 km de extensão, mas Bernie Ecclestone queria um circuito de cerca de 6 km para dar mais espaço a patrocinadores.

Um GP da União Soviética foi anunciado para agosto de 1983, mas acabou cancelado bem antes disso, em setembro de 1982, por questões burocráticas. Os dirigentes ainda tentaram novamente nos anos seguintes, sem sucesso. A URSS se separou em 1991, e a Rússia recebeu a Fórmula 1 entre 2014 e 2021, mas sempre em Sochi.

Projeto de circuito de rua de Moscou (Imagem: Nakarte.ru)

Vietnã

Este é um caso bastante emblemático. Anunciado em 2018, o Grande Prêmio do Vietnã estaria no calendário da Fórmula 1 a partir de 2020, com um circuito de 5,6 km utilizando ruas de Hanói. A pandemia da Covid-19, no entanto, mudou todo o calendário de 2020 e cancelou a edição da prova naquele ano.

No entanto, em agosto de 2020, o presidente do Comitê Popular de Hanoi (cargo equivalente ao de prefeito), Nguyen Duc Chung, foi preso por assuntos alheios à prova – ele era suspeito de apropriação de documentos contendo segredos de Estado. A prisão não teve ligação com a F1, mas Chung era considerado o principal responsável pela corrida.

Sem o dirigente, criou-se um vácuo entre o Vietnã e a categoria, e ninguém assumiu a função. Em novembro, a Fórmula 1 apresentou o calendário para a temporada de 2021, já sem o Vietnã.

Imagem: Hanoi Circuit/Divulgação

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.