O fim de carreira de Alain Prost na Fórmula 1 foi cheio de altos e baixos. Mas poderia ter sido bem diferente.
Poderia ser o fim para o tricampeão, mas não foi. Depois de um ano afastado das pistas em 1992, Alain Prost voltou à Fórmula 1 pela Williams, que havia perdido Nigel Mansell para o automobilismo norte-americano. E o francês não decepcionou: venceu sete corridas e terminou a temporada de 1993 como campeão, encerrando a carreira de piloto de F1 como tetracampeão.
Mas e se Prost tivesse voltado mais uma vez? Isso quase aconteceu – pela Ferrari.
Em entrevista ao Beyond the Grid, o podcast oficial da Fórmula 1, o ex-piloto francês diz ter conversado com a escuderia sobre uma possível vaga na segunda metade da década de 1990. A ideia não seria brigar por títulos, mas atuar como um escudeiro de Michael Schumacher, que havia chegado da Benetton após dois títulos.
“Eu tive – e foi bem perto – outra oportunidade em um momento, alguns anos depois (da aposentadoria), mesmo com a Ferrari”, disse o tetracampeão, que não especificou datas.
“Eu conversei com Jean (Todt, então chefe de equipe da Ferrari), e Michael foi até lá. Discuti com Jean e disse: ‘Temos que ser claros: se eu for, eu sou o número dois. Vou tentar ajudar Michael e a Ferrari a vencer o campeonato’”, relatou.
A ideia, segundo contou, era criar um ambiente pacificado dentro da equipe no caso de um acerto.
“Seria uma atitude limpa. ‘Eu não quero nenhuma discussão com a imprensa ou algo do tipo. Michael é o primeiro piloto, eu sou o segundo’”, explicou. “Poderia ter sido uma possibilidade, mas não funcionou.”
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Prost não soube explicar ao certo o que deu errado na negociação. O fato é que, de 1995 para 1996, a Ferrari trocou seus dois pilotos titulares: Jean Alesi e Gerhard Berger saíram rumo à Benetton, enquanto Michael Schumacher ganhou a companhia do irlandês Eddie Irvine, que correu pela Jordan entre 1993 e 1995.
“Talvez tenhamos concluído que seria muito difícil fazer isso. Não me lembro o que eles disseram na época, mas talvez tenha sido melhor que não tenhamos feito”, disse.
Mas Prost garante: não faria feio caso retornasse à Fórmula 1 em 1996, aos 41 anos.
“Não teria como competir com Michael depois de ter parado há um, dois, três anos, e depois voltar. Mas eu poderia ajudar”, acredita. “Teria sido um desafio, talvez um desafio maluco, mas eu não iria recuar.”
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.