A chegada de Cyril Abiteboul à Hyundai em janeiro de 2023 colocou a marca sul-coreana como protagonista de especulações na Fórmula 1. Mas será que existe alguma chance de vermos a montadora no grid da categoria? A resposta, provavelmente, é não.
Abiteboul assumiu o posto de chefe de equipe da Hyundai Motorsport, divisão de automobilismo da fabricante asiática. Ativa desde 2014 no Mundial de Rali, apesar de participações anteriores da montadora na competição, a equipe tem contado com nomes importantes desde então (Dani Sordo, Thierry Neuville e até Sébastien Loeb) e conquistou resultados relevantes (inclusive o bicampeonato por equipes em 2019 e 2020).
Mas o público do automobilismo já conhecia o nome de Cyril Abiteboul antes disso, graças à Fórmula 1. Com longo currículo na Renault entre 2007 e 2020 (além de ter ocupado a vaga de chefe de equipe da Caterham entre 2013 e 2014), o francês esteve em diversas posições da operação francesa na F1. Depois, passou pela Fórmula 2 como parte do grupo responsável pelos motores da categoria.
Com uma carreira tão sólida em monopostos, é natural que a chegada de Abiteboul a uma marca como a Hyundai pareça um reforço da montadora em busca de um projeto do tipo. Mas, pelo menos no começo, não é o que as partes afirmam – ou, ao menos, revelam.
Em entrevista a diversos veículos especializados, o francês foi perguntado a respeito da possibilidade, e não se esquivou.
“Não há planos em particular”, assegurou. “Eu preciso entender, com o resto da empresa, o que o negócio precisa, e como podemos apoiá-la neste momento. O rali tem sido a melhor solução para o segmento de carros compactos, segmento A (a classificação que, na Europa, define pequenos carros usados principalmente em perímetros urbanos). Precisamos ver como o segmento A vai se mover, à frente, e nos assegurarmos que o rali permanece relevante para isso. Esta certamente é nossa prioridade agora”, acrescentou.
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OK, mas e a Fórmula 1? Sem chances mesmo? A imprensa insistiu, e o engenheiro mais uma vez rechaçou.
“Eu não quero dizer que sim, porque vocês (imprensa) vão elaborar que a Hyundai está indo para a Fórmula 1”, argumentou. “Quero voltar para a minha resposta anterior. Precisamos nos certificar que isso sirva para o negócio. Neste momento, o rali serve para o negócio, e a prioridade é nos assegurarmos que permaneça assim, trabalhando com a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e com os promotores. Se precisarmos fazer algo a mais, veremos no devido momento. Mas não é nossa prioridade agora. A prioridade é vencer no rali”, completou.
O site The Race acredita que o interesse da Hyundai na Fórmula 1 é real, mas não deve ocorrer nem mesmo a médio prazo. Enquanto marcas como Andretti, Panthera, Honda, Porsche e Ford são cotadas para o grid (como equipes ou fornecedoras) a partir de 2026, quando a categoria adota um novo regulamento de motores, o veículo acredita que o prazo é muito curto para as possibilidades envolvendo os sul-coreanos. As chaves: o crescimento de popularidade da F1 nos EUA e na Ásia e a expertise da montadora em motores elétricos e híbridos.
De tudo que se viu e leu sobre os rumores envolvendo a Hyundai na Fórmula 1, é até provável que a ideia exista, mas não tenha passado do estágio embrionário. Os avanços são possíveis, mas talvez dependam de vitórias e títulos no Mundial de Rali – além, é claro, do crescimento da fabricante no ramo dos carros elétricos, caso este seja um caminho que a F1 escolha seguir.
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.