Mais uma potencial equipe quer buscar uma vaga no grid da Fórmula 1 nos próximos anos. Desta vez, com um nome conhecido nos bastidores e uma proposta sem igual na categoria.
O nome por trás do projeto é o britânico Craig Pollock, que já trabalhou como empresário de Jacques Villeneuve e que fundou a BAR. Pollock chegou a cogitar um retorno à F1 como fabricante independente de motores, mas os planos não foram adiante.
A proposta sem igual na Fórmula 1 é a Formula Equal, a primeira equipe da história da categoria com política de igualdade de gênero. Em todo o organograma do time, 50% das vagas seriam ocupadas por homens, enquanto 50% das vagas seriam destinadas a mulheres. Ou seja: o time teria garantida uma vaga para uma mulher na dupla de pilotos titulares.
“Nossa ambição seria entregar e construir oportunidades e caminhos para que mulheres cheguem ao mais alto nível do automobilismo”, disse Pollock em entrevista à CNN. “O conceito e a ideia era tentar e construir uma equipe de Fórmula 1 que fosse 50% masculina e 50% feminina, o que é extremamente difícil se você tem uma equipe de Fórmula 1 que já existe. É muito mais fácil partindo do zero”, acrescentou.
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Um dos maiores obstáculos – provavelmente o principal – para equipes que tentam entrar na Fórmula 1 é o financeiro. O custo para que um novo time entre para o grid é avaliado em US$ 1 bilhão, o que restringe potenciais candidaturas. A Andretti, por exemplo, tem planos para a categoria, mas enfrenta a resistência das escuderias atuais, que exigem pagamentos altos de Michael Andretti para minimizar eventuais perdas a curto prazo.
Mas Craig Pollock garante que tem gente disposta a investir. “Estamos em intensas discussões com, eu diria, um país da região do Golfo Pérsico”, disse o dirigente. “Não estou em condições de falar abertamente a respeito no presente momento – o que será possível no futuro próximo. E eu espero que funcione, porque é necessário muito dinheiro.”
Segundo a CNN, os comentários de Pollock estariam ligados a investimentos da Arábia Saudita, que tem fortes interesses na F1. Dirigentes do país inclusive cotaram a possibilidade de equipes como McLaren e Aston Martin transferirem suas sedes para o território saudita.
Os dirigentes da Federação Automobilística da Arábia Saudita foram procurados pela emissora, mas não responderam. Vale destacar: as mulheres eram proibidas de dirigir carros na Arábia Saudita até 2018.
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Uma pesquisa realizada pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) na Europa em 2016 apontou que as mulheres representavam apenas 6,5% de todos os pilotos em grid de categorias no continente, além de ocuparem 16% dos empregos institucionais e 19% das vagas de voluntários em competições. Com o plano, o time ajudaria a diminuir esse cenário de desigualdade entre eles e elas.
Segundo Craig Pollock, o projeto da Formula Equal já está em andamento há pelo menos quatro anos. A possível nova equipe estrearia na Fórmula 1 em 2026, ano em que a categoria adotará um novo regulamento. Para o dirigente, seria a chance de apresentar uma organização com representatividade em toda a hierarquia.
“Sabemos que teremos dificuldades em tirar a ideia do papel, porque não há mulheres treinadas o suficiente no momento para o nível da Fórmula 1, e elas precisam conquistar vagas lá ao mesmo tempo”, argumentou. “(Mas) tenho que basicamente admitir: é verdade, registramos uma candidatura e é isso.”
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.