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Afinal, que fim levou o Grande Prêmio do Vietnã?

Emanuel Colombari

Imagem: Divulgação
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A pandemia de novo coronavírus veio e afetou a vida de todo mundo – inclusive a minha e a sua. Afetou também o calendário da Fórmula 1, como você tem acompanhado desde 2020.

Mas entre tantas etapas que foram adiadas ou canceladas desde o início dos casos de Covid-19 pelo mundo, uma chama especial atenção: o Grande Prêmio do Vietnã. Prevista para acontecer a partir de 2020, a prova ficou fora do calendário daquele ano e não deu mais as caras na F1 - inclusive em 2022. Afinal, que fim levou?

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A etapa em Hanói foi anunciada em 7 de novembro de 2018, bem antes da pandemia. A pista seria um projeto do engenheiro alemão Hermann Tilke (responsável por diversas outras pistas usadas na Fórmula 1, como Sepang, Xangai, Marina Bay, Yas Marina e Sochi) e autoridades da capital vietnamita.

O traçado, com pouco mais de 5,6 km de extensão, tem características de outras pistas de Tilke, como as retas longas e as curvas de baixa velocidade. A organização ainda chegou a divulgar bonitas fotos dos cenários do local, mostrando as obras em andamento.

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Mas aí veio a pandemia, e a corrida que aconteceria em 5 de abril foi adiada. E com o calendário que se conseguiu para 2020, acabou cancelada. O anúncio foi feito em 16 de outubro, com a promessa de que todos os torcedores que compraram ingressos seriam reembolsados.

“Esta foi uma decisão muito difícil para todos nós. Mas, definitivamente, era a única decisão possível depois de cuidadosamente revisarmos todos os critérios de segurança, assim como a eficiência sob as atuais condições”, declarou Le Ngoc Chi, diretora-executiva da organização responsável pela prova, em nota oficial na ocasião.

Àquela altura, porém, a realização futura do GP do Vietnã já era improvável. Em agosto de 2020, o presidente do Comitê Popular de Hanoi (cargo equivalente ao de prefeito), Nguyen Duc Chung, foi preso por assuntos alheios à prova – ele era suspeito de apropriação de documentos contendo segredos de Estado.

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Embora a prisão não tivesse relação com a Fórmula 1, Chung era visto como o principal responsável pela realização da prova. “Ele era um guerreiro solitário, com pouco apoio do governo”, descreveu o jornalista Chris Medland, em matéria da revista Motorsport Magazine publicada em janeiro de 2021.

Sem o então prefeito, criou-se um vácuo entre a categoria e as autoridades, e ninguém se apresentou para assumir a organização. Era o fim da linha.

Em novembro, quando a F1 divulgou um novo calendário para 2021, o Vietnã já não constava na lista. A data reservada para a prova, 25 de abril, apareceu em branco. Sem contrato para 2021 ou para 2022, é pouco provável que a etapa em Hanói apareça a curto prazo na F1.

A reportagem tentou contato por e-mail com a organização do Grande Prêmio do Vietnã, mas não obteve resposta. O site oficial da prova está fora do ar. As redes sociais da organização (Twitter e Facebook) não são atualizadas desde outubro de 2020.

Imagem de abertura: Vietnam Grand Prix/Divulgação

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.