Até que Max Verstappen conquistasse o título da temporada 2021 da Fórmula 1, o fã da categoria não se empolgou muito com os pilotos holandeses.
Em geral, nomes como Gijs van Lennep, Michael Bleekemolen e Huub Rothengatter passavam longe do protagonismo há algumas décadas. Mais recentemente, Christijan Albers e Giedo van der Garde também não encheram os olhos de ninguém.
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De fato, a Holanda nunca foi uma potência na Fórmula 1. Os primeiros pódios do país na categoria só vieram com Jos Verstappen nos anos 90, enquanto coube ao filho Max dar ao automobilismo holandês as primeiras pole positions e vitórias.
Ainda assim, não dá para dizer que a Holanda tenha chegado agora à F1. Desde a década de 50, o país já recebe a categoria e coloca pilotos no grid.
Por isso, vale lembrar oito pilotos históricos da Holanda na Fórmula 1 anteriores a Max Verstappen. Confira:
Os pioneiros
Os primeiros pilotos holandeses da história da Fórmula 1 estrearam na mesma corrida, em 1952. E, sem surpresa, apareceram no Grande Prêmio da Holanda.
Dries van der Lof era um industrial que fabricava fiação elétrica, além de competir em provas automobilísticas de menor expressão. Pilotando uma HWM, ele largou em 14º lugar e não completou a prova.
Naquele mesmo 17 de agosto, Jan Flinterman largou da 15ª posição com a Maserati número 20. Apesar de abandonar na sétima volta, assumiu a Maserati número 16 do brasileiro Chico Landi na volta 43 e levou o carro até o final. A dupla terminou em nono lugar.
Foi a única prova de Van der Lof e Flinterman na Fórmula 1.
O primeiro destaque
Carel Godin de Beaufort esteve na Fórmula 1 entre 1957 e 1964, pilotando carros como Porsche e Maserati. Suas melhores participações vieram em 1962 e 1963 – somou dois pontos no primeiro ano e dois pontos no segundo, chegando em sexto lugar em quatro provas.
Nessa época, Godin de Beuafort tinha bons resultados em provas extracampeonato da Fórmula 1. Em 1963, foi segundo no GP de Siracusa (Itália), segundo no GP de Roma (largando na pole position) e terceiro no GP da Áustria.
O holandês morreu em 2 de agosto de 1964, aos 30 anos, vítima de um acidente fatal durante a definição do grid para o GP da Alemanha.
O multiuso
Ben Pon, filho de um importante comerciante de carros, disputou apenas uma corrida na Fórmula 1: o GP da Holanda de 1962. Correndo com um Porsche, largou em 18º (de 20 pilotos) e abandonou após rodar logo na segunda volta.
Curiosamente, dez anos depois, Ben Pon estava em Munique (Alemanha) para a disputa dos Jogos Olímpicos de 1972. Atleta do tiro esportivo, ficou com a 31ª posição na prova do skeet, que tinha 66 inscritos. O ouro ficou com o alemão Konrad Wirnhier.
A menor trajetória
Ben Pon teria a menor carreira de um holandês na Fórmula 1 se não fosse por um contemporâneo: Rob Slotemaker.
Também inscrito no GP da Holanda de 1962, Slotemaker pilotaria um Porsche que pertencia a Carel Godin de Beaufort. No entanto, o carro não ficou pronto a tempo e ele não conseguiu participar.
A vaga na prova ficou com o alemão Wolfgang Seidel. A bordo de um carro da equipe Emersyon, Seidel largou na última das 20 posições do grid e completou apenas 52 das 80 voltas.
Ah! Slotemaker ainda pilotou nas filmagens de Le Mans (1970), clássico dos cinemas protagonizado por Steve McQueen.
O desaposentado
Jan Lammers estreou na Fórmula 1 em 1979 pela Shadow. Em quatro temporadas, pilotando ainda por ATS, Ensign e Theodore, jamais brilhou – não somou pontos e teve como melhor resultado o nono lugar no GP do Canadá de 1979.
Depois disso, passou pela Cart nos EUA e pelo endurance, inclusive com bons resultados – ao lado dos britânicos Johnny Dumfries e Andy Wallace, venceu as 24 Horas de Le Mans de 1988.
De surpresa, foi convidado pela March para disputar as últimas provas da temporada 1992 da Fórmula 1. O holandês foi chamado para substituir Karl Wendlinger, que havia se transferido para a Sauber. Novamente não brilhou, tendo como melhor performance o 12º lugar na Austrália.
Lammers correria em 1993, mas o time fechou as portas antes do começo da temporada. Ainda assim, os dez anos de afastamento deram a Lammers o “prêmio” de mais longo intervalo entre dois GPs para um piloto na história da F1.
O pai
Jos Verstappen nunca empolgou na Fórmula 1, a despeito dos cartazes “Jos The Boss” que não saem da memória.
Em 1994, Verstappen disputou parte da temporada na Benetton como companheiro de Michael Schumacher, em vaga também ocupada por JJ Lehto e Johnny Herbert. O holandês ainda conseguiu dois pódios, terminando os GPs de Hungria e Bélgica em terceiro.
Depois de sua temporada de estreia, Jos Verstappen correu por Simtek, Footwork, Tyrrell, Stewart, Arrows e Minardi. Nunca mais chegou ao pódio – foi quarto no GP da Itália de 2000 com a Arrows.
Aposentou-se no fim de 2003, e teve como grande momento a vitória na categoria LMP2 das 24 Horas de Le Mans de 2008.
O estrangeiro
Robert Doornbos nasceu em Roterdã, na Holanda, mas chegou à Fórmula 1 em 2005 correndo sob bandeira monegasca. Então piloto de testes da Jordan, foi escalado para substituir o austríaco Patrick Friesacher na Minardi. Disputou oito provas e não pontuou.
Em 2006, já correndo sob bandeira holandesa, trabalhou como piloto de testes da Red Bull. No fim do ano, disputou três corridas na vaga de Christian Klien e também passou zerado.
Uma curiosidade: Doornbos foi o piloto da equipe Corinthians na breve Fórmula Superliga em 2010. Também não brilhou: o time foi o 12º colocado entre os 19 inscrito naquele ano.
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.