Saiba por que Sepultura, a maior banda de metal do Brasil, vai acabar

O grupo, que completa 40 anos em 2024, anunciou a turnê de encerramento que durará 18 meses

Por Hanna Rahal

Essa sexta-feira, 8 de dezembro, é um dia triste para os fãs de heavy metal. Isso porque, após um show na Austrália, o Sepultura voltou ao Brasil para anunciar a turnê de despedida do grupo, que acontece em 2024. O projeto também celebra os 40 anos da banda. 

Os integrantes Derrick Green, Paulo Jr., Andreas Kisser e Eloy Casagrande fizeram o anúncio em São Paulo. O grupo ganhou respeito internacional ao misturar som pesado com música tribal, indígena e africana. Apesar de já ter passado por algumas trocas de integrantes e empresários, eles se mantiveram em evidência. 

A série de shows chamada "Celebrating life through death", ou “Celebrando a vida através da morte”, em tradução livre, vai começar pelo Brasil, com oito shows já marcados, e deve passar por países da América Latina e EUA. 

Serão 18 meses de celebração e os primeiros ingressos começam a ser vendidos dia 11 de dezembro, a partir de 12h, no site da eventim. Andreas Kisser explica que a ideia é celebrar os 40 anos do grupo em grande estilo:

“São 40 anos de história e é uma marca vitoriosa, mesmo com todas as mudanças da banda”, começa o guitarrista. “A gente quer celebrar, não é um momento triste. É um dever cumprido. Estamos parando no melhor momento da banda sem ter que justificar nada. É um processo que tem começo, meio e fim. Tem muitos músicos que ficam presos em certas marcas da carreira e param de evoluir, a gente não quer isso”, avalia o artista. 

O guitarrista ainda explica o porquê decidiram encerrar os trabalhos e confessa que não gostaria de fechar o ciclo da banda por uma briga, reabilitação ou simplesmente pela idade. 

A gente para depois da turnê justamente por isso, porque estamos no melhor momento da banda. Acho que a gente sai de cena de uma forma muito tranquila. Em paz conosco mesmo. São ciclos que se fecham e se renovam. Foi uma história linda, é uma honra fazer parte dessa história. Estamos fechando esse ciclo de cabeça erguida.
Sepultura (Foto: Divulgação/ Stephan Solon)

O que há pós-Sepultura?

Kisser diz que os integrantes da banda devem enfrentar desafios individuais, mas seguirão sempre representando o Sepultura. Perguntado sobre os planos após o fim da turnê, nenhum dos integrantes revelou ter alguma ideia do que fazer, mas mantiveram as opções em aberto. 

Andreas ressignificou a vida e a morte após perder sua esposa, Patrícia Kisser, em julho de 2022. Ela morreu vítima de câncer de cólon. 

“Quando você respeita a finitude, você vive o presente mais intensamente. Não precisamos definir nada com relação ao futuro. Queremos viver o presente. Não queremos colocar limites de data nem falar que é para sempre”, completa o viúvo, que pretende se dedicar aos projetos que homenageiam Pat, como o movimento Mãetricia, cujo objetivo é discutir morte digna.

Os irmãos Cavalera participam da turnê?

A banda conta que sentiam falta de um disco ao vivo, e por isso, o grupo lançará um álbum ao vivo com 40 faixas gravadas em 40 apresentações diferentes ao redor do mundo. 

“Estamos gravando os shows e faremos uma curadoria das músicas que a gente mais gosta para compor o álbum. Ainda estamos definindo o repertório, mas é um processo bem ambicioso e interessante”, avalia o baterista, Eloy Casagrande. 

A turnê não contará com a presença dos dois membros fundadores, os irmãos Max e Iggo. Sobre os membros antigos, Kisser explica que a banda está aberta às participações especiais. Contudo, não se mostrou otimista com a contribuição dos ex-integrantes: 

“A gente inclusive convidou os irmãos Cavalera para um documentário e eles não toparam. Seria muito interessante ter a participação de todos. Mas a ideia dos shows não é reviver o passado e sim aproveitar o futuro”, comenta. 

Contudo, apesar de as coisas ainda estarem sendo definidas, uma coisa é fato: o último show que a banda fará com a turnê deve ser uma grande festa: “Queremos convidar bandas amigas, com clima bom e tranquilo para celebrar”, diz o guitarrista. 

Quem decidiu acabar com o Sepultura?

A banda garantiu em coletiva que não houve brigas ou discussões. O fim se deu na tentativa de encerrar um ciclo em grande estilo. Contudo, Andreas explica que a ideia de falar sobre o fim da banda partiu dele e já estava sendo discutida há algum tempo entre integrantes, familiares, empresários e equipe. 

“Conversei primeiro comigo mesmo, depois com a banda, minha família, meus empresários e nós começamos a analisar as possibilidades. Foi uma coisa bem trabalhada, não foi um impulso”, diz o músico. 

Legado do Sepultura

Sepultura (Foto: Divulgação/ Stephan Solon)

O Sepultura começou em 1984, em Belo Horizonte, e apesar de todas as dificuldades, o sonho de fazer música sempre prevaleceu. O desrespeito, inclusive vindo de pessoas amadas, existiu, mas o artista deu a letra: “É preciso ter a resiliência de realmente fazer aquilo que acredita e o resto que se exploda”, disse Andreas em entrevista exclusiva ao Band.com.br

Quando pensa em legado, o músico diz que ao longo de cada ano com a banda, eles puderam mostrar que, com trabalho, dedicação, disciplina, foco e estudo, tudo é possível. E, além disso, usar a música com responsabilidade, foi fundamental para fazer a diferença. 

Falamos de depressão, meio ambiente, política, a fim de dizer que não é só sexo, drogas e rock and roll. Eu acho que a gente tem que usar tudo ao nosso alcance para falar com as pessoas de uma maneira responsável e o melhor, sem me esquecer de onde vim, ou seja, da garagem. Isso é o mínimo que a gente pode fazer como artista. 

“O Sepultura permitiu que muitas pessoas acreditassem no seu potencial, independentemente de onde você for. O legado que deixamos foi abrir portas no heavy metal para outras bandas brasileiras”, concluiu Andreas na coletiva de imprensa. 

Confira as datas turnê de despedida do Sepultura

1 de março de 2024 – Belo Horizonte (Arena Hall)

2 de março de 2024 – Juiz de Fora

09 de março de 2024 – Brasília (Arena Lounge)

15 de março de 2024 – Uberlândia

21 de março de 2024 – Porto Alegre (Araújo Vianna)

22 de março de 2024 – Curitiba (Live)

23 de março de 2024 – Florianópolis (Arena Opus)

06 de setembro de 2024 - São Paulo (Espaço Unimed) 

Novas datas e lugares devem ser anunciados em breve.

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