Com uma carreira extensa na TV e números impressionantes em plataformas de conteúdo adulto, Vivi Fernandez é um sucesso na web. A musa tem uma vida agitada e ocupa seus dias com atividades físicas para manter o corpo definido, o que causou um desconforto e virou caso de polícia nesta semana: a atriz virou alvo de ameaças e ataques machistas depois que fotos praticando o jiu-jítsu foram divulgadas nas redes sociais.
Em uma página popular, criada para reunir amantes e praticantes do Jiu-Jitsu no Instagram, internautas polemizaram a presença da influenciadora no tatame. Dentre os comentários, a famosa se deparou com mensagem de homens falando sobre o seu corpo e relacionando golpes do jiu-jítsu a oportunidades se assediá-la e ter contato físico durante as aulas. A influenciadora buscou a polícia para prestar queixa sobre as ameaças e, ao Band.com.br, falou sobre os bastidores da polêmica.
“Assim que eles colocaram a minha foto nessa página, eu recebi inúmeros ataques de alunos e atletas, ameaçando ir na escola onde faço minhas aulas para me abusar, sexualizando o esporte”, desabafou Vivi. Nos comentários, internautas alertaram os amigos de tomar cuidado na academia para evitar ‘problemas em casa’. “O problema será quando ela puxar o cara para guarda [golpe de muay thai]. Vai dar divórcio na academia”, escreveu um dos internautas.
Estrela de quatro filmes pornôs, Vivi Fernandez disse ter ficado bastante fragilizada ao ter contato com os ataques e confessou que a situação a fez questionar a vontade de seguir praticando a luta. “Eu me senti muito fragilizada a princípio, me senti muito sozinha mesmo porque eu sou uma mulher recebendo ataques de homens que praticam jiu-jítsu”, desabafou.
Eu me senti muito triste, muito mal com isso mesmo, fragilizada e desamparada - claro que depois disso tomou uma força e surgiu uma rede de apoio muito grande.
Durante conversa com o band.com.br, a famosa desabafou sobre a origem dos comentários e afirmou que os atletas que relacionam o jiu-jítsu - ou qualquer luta marcial - ao sexo não merece ocupar o tatame. “Esses caras não honram fazer o jiu-jítsu, nem usar o quimono e usar suas faixas graduadas. Eles estão por aí, nos tatames, e me fazem refletir: se uma mulher que está no tatame na hora do rola, como chamamos as atividades no jiu-jitsu, se deparar com um cara desses, ela corre o risco de sofrer um abuso?”, questionou.
Os bad boys de antigamente estão aí ainda, dentro das escolas de luta e na sociedade.
Apesar do calor do momento e o baque pelo teor dos comentários, Vivi Fernandez contou que tomou medidas legais para punir os internautas envolvidos. “Eu recorri à polícia para que isso não fique impune e para me sentir acolhida, mas como mulher, mesmo se eu não trabalhasse com plataformas de conteúdo adulto, eu me senti muito mal”, contou.
OnlyFans e a vida pessoal de Vivi Fernandez
Vivi Fernandez tem uma carreira extensa e conhecida no ramo do entretenimento adulto. Ela já posou para algumas das revistas mais famosas do ramo, estrelou filmes pornôs populares e, com a evolução dos meios de consumo, ganhou fama no OnlyFans - plataforma de conteúdo adulto por assinatura.
No OnlyFans, ao contrário dos trabalhos no auge dos anos 2000, Vivi Fernandez explora a sensualidade de maneira mais sutil e não alimenta o público, por exemplo, por cenas de sexo explícito. Para ela, o trabalho com o OnlyFans é mais parecido com os editoriais de revistas antigas e distantes dos filmes famosos. “As minhas plataformas não têm conteúdo sexual, são fotos, como se fosse uma Playboy semanal, não tem nada muito explícito para eu ser alvo de tantos ataques agora", desabafou.
Ao band.com.br, ela desabafou sobre a maneira como os trabalhos recentes impactam diretamente sua vida pessoal. Ela contou que os ataques e julgamentos se intensificaram com o tempo e, por incrível que pareça, são mais duros do que quando trabalhar com pornografia e sexo explícito. “O que me assusta é estar em 2023 e isso [OnlyFans] estar me impactando tanto”, disse.
Em 2006, quando eu fiz filmes pornôs, eu fiz quatro e a produtora foi soltando um filme por ano. Até 2009 tinham todos os filmes na locadora e eu não sofri nenhum impacto por isso, minha vida não mudou, muito pelo contrário, abriu portas na TV e no teatro, minha vida seguiu normal.
Para ela, o comportamento do público com seu trabalho no OnlyFans é preocupante e evidencia o machismo e retrocesso da sociedade, além da hipocrisia de seu próprio público. “Tem sido ataques absurdos, parece que a gente regrediu a forma de pensar. Parece que eu sou proibida de praticar um esporte para cuidar da minha saúde”, disse. “Eu achei uma inversão do tempo, uma hipocrisia porque muitas pessoas que vão me atacar são pessoas que consomem os meus produtos, assistiram os filmes e são assinantes de plataformas”, completou.
Atriz elogia acolhimento da polícia em crimes cibernéticos
Vivi Fernandez contou ainda que sua principal motivação para buscar o jiu-jítsu foi a chance de desenvolver maneiras de defesa pessoal. Ela contou que a sociedade está cada vez mais difícil para as mulheres, refletiu sobre a possibilidade de ser atacada na rua, mas destacou a eficiência do trabalho da delegacia de crimes cibernéticos.
Ela contou que sentiu-se acolhida no momento da denúncia e aconselhou outras vítimas de crimes virtuais a buscarem ajuda pública. “Eu fui muito recebida, acolhida, assessorada e aconselhada pela polícia. A primeira coisa que eles fizeram, depois que eu tive contato com o investigar, foi o conselho de fazer mesmo o boletim”, contou.
A gente não sabe até quando uma ameaça é só da boca para fora, não sabemos até onde isso pode ir e denunciar fica como exemplo para outras mulheres que estão passando por isso.
Além disso, a musa do OnlyFans contou que foi orientada e evitar o excesso de compartilhamento de sua vida pessoal na internet a fim de evitar qualquer tipo de perseguição, especialmente influenciada por sua carreira pública.
Apesar do desconforto, Vivi refletiu sobre a situação e afirmou enxergar o lado positivo do momento difícil que está passando: chamar a atenção para o caso de vítimas que passam por situações parecidas e preferem manter o silencio. “É uma situação vexatória e tem que ser muito forte para aguentar tanto ataque, você se sente a parte mais fraca por ser mulher, mas existe um acolhimento nas delegacias contra crimes cibernéticos. As delegacias funcionam, mesmo que sejam perfil fakes, os endereços são encontrados e os donos são notificados e precisam responder por isso”, explicou.
Vivi Fernandez afirmou ao Band.com.br que os ataques não vão fazer com que ela desista do jiu-jítsu e destacou que não deixará pessoas com ódio definirem sua vida. “Eu vou continuar a fazer aulas de jiu-jítsu, eu respirei e vi que eu não posso parar de fazer as minhas coisas. Os meus passos não podem ser cortados e administrados por um grupo que ficou incomodado por eu estar fazendo jiu-jítsu. Eu vou continuar porque é preciso”.
Agora, mais do que nunca, eu tenho que peitar isso e pisar no tatame com o mesmo respeito que quero ser respeitada.
Além de Vivi Fernandez, os ataques impactaram diretamente os administradores das páginas de jiu-jítsu que começaram um movimento em prol do respeito no tatame.