O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se emocionou em diversos momentos de seu discurso de diplomação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta segunda-feira (12).
A diplomação de Lula, e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), aconteceu na sede da Corte, em Brasília. A cerimônia marca o fim do processo eleitoral e encerra o prazo para questionamentos do pleito.
Logo no início de seu discurso, Lula chorou a falar do fato de seu diploma de presidente ter sido o primeiro de sua vida, em alusão ao discurso emocionado que fez também em 2002. Em seguida, destacou agradecimentos a seus apoiadores (veja abaixo) e as condições especiais em que se deram as eleições de 2022.
“Poucas vezes, na história recente deste país, a democracia esteve tão ameaçada. Poucas vezes, na nossa história, a vontade popular foi tão colocada à prova e teve que vencer todos os obstáculos para, enfim, ser ouvida”, disse Lula em seu discurso.
No evento, Lula e Alckmin receberam um diploma assinado pelo presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes. O documento certifica que a Justiça Eleitoral apurou todos os votos, analisou as contas dos partidos, avaliou os recursos que questionaram o resultado do pleito e atesta que ambos têm condições de assumir o mandato de 2023 a 2026.
Esta foi a última solenidade antes da posse de Lula como presidente da República, que acontecerá no dia 1º de janeiro de 2023. O evento marca o término do período eleitoral brasileiro.
“Este diploma que recebi não é um diploma do Lula presidente. É um diploma de uma parcela significativa do povo que reconquistou o direito de viver em democracia neste país”, disse Lula.
“A democracia precisa ser, todos os dias, defendida daqueles que tentam, a qualquer custo, sujeitá-la a seus interesses financeiros e ambições de poder. Felizmente, não faltou quem defendesse, neste momento tão grave, a nossa democracia”
Acompanhado de sua esposa Rosângela Lula da Silva, a Janja, e seguido pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), além da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Lula chegou ao TSE às 13h55.
Ás 14h25, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, foi o primeiro a subir ao palco, sob fortes aplausos da plateia. Em seguida, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também subiram seguidos de outros ministros.
“Boa tarde, presidente Lula”
Ao ser anúnciado, Lula foi aplaudido e a plateia passou a gritar “Boa tarde, presidente Lula”, em alusão ao grito diário de apoiadores em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o petista ficou preso por 580 dias, após sentença do juiz Sergio Moro, considerado suspeito pelo STF.
“Vocês ganharam esse diploma”, disse Lula em seu discurso de diplomação, visivelmente emocionado, ao agradecer apoiadores, especialmente “àqueles que estiveram na vigília em Curitiba”.
“Não foram poucas as tentativas de sufocar a voz do povo e a democracia. Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida, há muito tempo, em todo o mundo. Ameaçaram as instituições, criaram obstáculos, de última hora, para que eleitores fossem impedidos de chegar aos locais de votação”, disse Lula.
O presidente eleito disse que a nação foi “envenenada” por mentiras na internet durante o processo eleitoral.
“Quando se esperava um debate político democrático, a nação foi envenenada por mentiras produzidas no submundo das redes sociais. Eles semearam a mentira e o ódio, e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história. No entanto, a democracia venceu”, disse.
Clima de festa
Do lado de fora, havia apenas apoiadores de Lula, em clima de festa e celebração, apesar de um forte esquema de segurança aguardar eventuais protestos de manifestantes bolsonaristas.
Ainda que simbólica, a diplomação ganhou relevância. O presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições, e seu partido, o PL, promovem contestações com argumentos frágeis contra as eleições e insuflam atos antidemocráticos. Com a diplomação, a margem para contestar o resultado fica mais estreita.