Entenda como a mulher virou ponto central no debate da Band

Discussão ganhou atenção dos candidatos após o presidente Bolsonaro dizer que Vera Magalhães é uma vergonha para o jornalismo

Da redação

A discussão de gênero foi um dos pontos centrais do debate realizado pela Band no último domingo (28). O tema foi levantado a partir da intervenção programada da jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, quando questionou o candidato Ciro Gomes (PDT) sobre cobertura vacinal ao citar “desinformação difundida” pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia de covid-19.

“Queria saber do senhor [Ciro Gomes] em que medida o senhor acha que a desinformação sobre vacinas, difundida, inclusive, pelo presidente da República, pode ter contribuído, além de agravar a pandemia de covid-19 e causar mortes que poderiam ter sido evitadas, também para desacreditar a população quanto à eficácia das vacinas em geral? Qual a sua proposta para recuperar o Plano Nacional de Imunização?”, questionou a jornalista.

Após resposta de Ciro, Bolsonaro comentou a pergunta sobre vacinação com ataques à Vera Magalhães. Ele chegou a dizer que a jornalista não representa a categoria profissional na qual atua.

“Vera, eu não pude esperar outra coisa de você. Você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como este, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, disse Bolsonaro.

Ciro Gomes rebateu a fala de Bolsonaro com críticas a Bolsonaro e ao PT, partido do ex-presidente Lula, e promessas de “reconciliar o Brasil”. Segundo o ex-ministro, as gestões petistas e bolsonarista foram marcadas por “corrupção e fisiologia”.

“Eu quero reconciliar o Brasil. Enquanto persistir esse nível de agressividade, isso vai produzir coisas que o Brasil não merece. Nós precisamos restaurar a paz, reconciliar o Brasil ao redor de um novo e generoso projeto de desenvolvimento que mude este modelo econômico. Brigam para valer, mas patrocinam o mesmo modelo econômico. Brigam para valer, mas patrocinam o mesmo modelo de governança política em que a corrupção e a fisiologia são o centro do modelo de organização da política brasileira”, pontuou o pedetista.

Pergunta da jornalista Vera Magalhães

“Candidato Ciro, a cobertura vacinal, no Brasil vem despencando nos últimos anos. A cobertura para vacinar a tríplice viral, que protege contra o sarampo e outras doenças, foi de 71% nos últimos anos, e ainda não chegou a 50% neste ano. A da poliomielite, que já chegou a 96%, em 2012, caiu a índices poucos superiores a 67%. Queria saber do senhor em que medida o senhor acha que a desinformação sobre vacinas, difundida, inclusive, pelo presidente da República, pode ter contribuído, além de agravar a pandemia de covid-19 e causar mortes que poderiam ter sido evitadas, também para desacreditar a população quanto à eficácia das vacinas em geral. Qual a sua proposta para recuperar o Planl Nacional de Imunização?”

Comentário de Bolsonaro

“Vera, eu não pude esperar outra coisa de você. Você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como este, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. A senhora [Simone Tebet] falou uma frase, lá na CPI, frase tua: ‘Não é porque houve malversação do dinheiro público que devemos investigar’. A senhora foi conivente com a corrupção na CPI. Não achou nada contra mim. Escondeu o Carlos Gabas, que desviou R$ 50 milhões e não foi investigado pela CPI. A senhora é uma vergonha para o Senado Federal. E não estou atacando mulher. Não venha com essa historinha de se vitimizar. Vera, você, realmente, foi fantástica. Deu a oportunidade para falar um pouco de verdade sobre você.”

Resposta de Ciro Gomes

“Eu quero reconciliar o Brasil. Enquanto persistir esse nível de agressividade, isso vai produzir coisas que o Brasil não merece. Nós precisamos restaurar a paz, reconciliar o Brasil ao redor de um novo e generoso projeto de desenvolvimento que mude este modelo econômico. Brigam para valer, mas patrocinam o mesmo modelo econômico. Brigam para valer, mas patrocinam o mesmo modelo de governança política em que a corrupção e a fisiologia são o centro do modelo de organização da política brasileira nesses últimos 30 anos. Mudar o Brasil significa devolver a condição que sabemos fazer. O Brasil era mencionado como exemplo em cobertura vacinal. A vacina está aí, tecnologicamente dominada, mas, infelizmente, nós vimos propaganda contra a vacina, disputa politiqueira com quem é o pai da vacina, propina na compra de vacina. Isso é onde nós estamos, muito próximos do fundo do poço.”

Tebet dispara contra Bolsonaro

A fala do presidente repercutiu entre os demais candidatos, sobretudo entre as mulheres. Simone Tebet (MDB), por exemplo, disse que Bolsonaro desrespeita jornalistas mulheres e que ele não dá exemplo. A senadora ainda respondeu ao candidato à reeleição sobre acusações da atuação dela na CPI da covid-19. 

“Nós temos que dar exemplo, exemplo que, lamentavelmente, o presidente não dá quando desrespeita as mulheres, quando fala a jornalistas, quando agride, ataca e conta mentiras, como acabou de fazer. Eu quero dizer que eu não tenho medo. Eu quero dizer que fake news e robôs do seu governo não me amedrontam. Eu fiz aquele posicionamento que foi cortado e editado para virar fake news porque estava justificando uma decisão do seu presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco”, disparou Tebet.

Soraya Thronicke sobre feminismo

A fala da senadora ocorreu após pergunta da jornalista Thaís Oyama, do UOL, sobre pautas feministas, ocasião em que destacou fala da candidata Soraya Thronicke (UB) sobre mulheres denunciarem estupro. A representante do União Brasil, então, reforçou a defesa do que ela acredita que seja igualdade de gênero.

“Eu não quero mais do que nós, mulheres, merecemos, mas queremos o nosso lugar, nosso espaço de poder, que nós merecemos e temos a capacidade. Eu quero me solidarizar com a Vera”, comentou Thronicke.

Lula e mulheres nos ministérios

Outro momento marcante acerca do tema mulheres envolveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocasião em que ele não se comprometeu a preencher 50% das vagas nos ministérios de um eventual governo com mulheres. A declaração de Lula sobre o assunto foi uma resposta à jornalista Ana Estela, da Folha de São Paulo.

“Eu não sou de assumir compromisso de me comprometer a fazer metade [dos ministérios chefiados por mulheres], a indicar religioso, a indicar mulher, indicar negro, indicar homem. Você vai indicar as pessoas que têm capacidade para assumir determinados cargos. Eu tenho o orgulho de ter indicado o primeiro negro para a Suprema Corte, indicado a Cármen Lúcia para a Suprema Corte”, pontuou Lula.

Ao contrário de Lula, ao comentar a pergunta, Tebet reforçou que indicará mulheres para, no mínimo, 50% dos ministérios. A senadora do MDB foi além e prometeu mais diversidade racial.

“A primeira coisa que fiz, quando lancei minha candidatura e foi homologada pelo partido, foi dizer que o meu ministério será paritário entre homens e mulheres, sim. Basta haver competência e experiência administrativa. Isso nós sabemos que as mulheres têm. Nós temos condições de colocarmos 50%. Nós teremos participação de negros. O meu ministério terá participação de homens, mulheres e negros, mas não teremos ninguém envolvido em escândalo de corrupção”, continuou Tebet.

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