Veja os principais temas do duelo entre Bolsonaro e Lula no debate na Band

Presidente e ex-presidente trocaram acusações sobre corrupção, orçamento secreto e auxílio emergencial

Da redação

O debate presidencial deste domingo (28) na Band entrou para a história como o primeiro a reunir um presidente, Jair Bolsonaro (PL), e um ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O confronto entre os dois candidatos foi marcado por troca de acusações que acirraram a polarização das ideias. Bolsonaro atacou Lula por casos de corrupção nos governos do PT. Lula disse que foi preso para Bolsonaro ser eleito e ataca sigilo de cem anos imposto por Bolsonaro. 

Veja os principais pontos desse duelo:

Petrobras

Logo na primeira pergunta do debate, Bolsonaro confrontou Lula sobre os casos de corrupção na Petrobrás.

Bolsonaro: “Corrupção: a Petrobras, ao longo de 14 anos de PT, se endividou em aproximadamente 900 bilhões de reais. Fruto de desmandos, refinarias começadas e não concluídas, entre tantas outras coisas. Esses 900 bilhões de reais dariam para fazer 60 vezes a transposição do Rio São Francisco. Ou seja, o povo nordestino sofreu por falta d'água por causa da corrupção do seu governo. Mais ainda, esse montante é equivalente a 120 vezes o orçamento do Ministério da Infraestrutura. Eu estou falando isso para que se tenha noção do tamanho da corrupção, somente na Petrobras; e delatores devolveram 6 bilhões de reais. Ou seja, corrupção houve. Presidente Lula, o senhor quer voltar ao poder para quê? Pra continuar fazendo a mesma coisa na Petrobras?”

Lula: “Eu acho que, de vez em quando, a gente tem que acreditar de que nada acontece por acaso. Era preciso ser ele para me perguntar, e eu sabia que essa pergunta viria. Eu acho que isso é importante porque as pessoas precisam saber de que inverdades não valem a pena na televisão. Citar números que são mentirosos, também não compensa na televisão. Aqui é importante a gente citar o seguinte: não teve nenhum Presidente da República que fez mais investigação para que a gente apurasse a corrupção do que nós fizemos. E é importante deixar claro que nós fizemos o Portal da Transparência, a fiscalização da CGU, a lei de acesso à informação, a lei anticorrupção, a lei contra crime organizado, a lei contra lavagem de dinheiro, colocamos AGU no combate à corrupção, fizemos o Coaf funcionar e movimentações bancárias atípicas. Ou seja, colocamos? Então, tudo que foi eu que nós fizemos no nosso governo.”

Corrupção

Em seguida, Bolsonaro voltou a criticar o governo de Lula. 

Bolsonaro: “O seu governo foi marcado pela cleptocracia, ou seja um governo feito à base de roubo. E essa roubalheira era para conseguir apoio no parlamento, não apenas para o ex-presidente Lula, era para ele também conseguir apoio no parlamento. Assim sendo, nada justifica essa mensagem mentirosa que você deu nessa questão. Sim, o seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil”.

Lula: “Bom, é indescritível o que nós acabamos de ouvir. O Presidente precisaria estar informado de que foi exatamente no nosso governo que a Petrobras ganhou o tamanho que ganhou, com a capitalização de 70 bilhões de reais para a Petrobras crescer. O Presidente precisava saber que o meu governo é marcado pela maior política de inclusão social, pela maior geração de emprego, pelo maior aumento de salário-mínimo, pelo maior investimento na agricultura familiar, pelo maior investimento na criação da Lei Geral da Pequena Empresa, pela criação do Simples, ou seja, o nosso governo, além disso, foi o governo que mais fez investimentos na educação. São 18 universidades federais novas, 178 campi e 422 escolas técnicas, que fizeram uma revolução nesse país. O meu governo deveria ser conhecido exatamente por isso, porque quando eu cheguei à Presidência, acho que tinha 3,5 milhões de estudantes universitários; quando saí da Presidência, a gente tinha 8,5 milhões de pessoas na universidade”.

Desemprego

Lula atacou o aumento do desemprego no governo Bolsonaro.

Lula: “Esse país, que era um país que, quando deixei a Presidência, estava crescendo a 7,5%. Esse país, que teve 20 milhões de empregos com carteira assinada, é o país que o atual Presidente está destruindo. Está destruindo porque ele adora. Adora com bravata, adora falar números que não existem, adora entender que o povo que está aí, ouvindo a gente, acredita no que ele fala. Portanto, o país que eu deixei é um país que o povo tem saudade. É o país do emprego. É o país em que o povo tinha o direito de viver dignamente, de cabeça erguida neste país”.

Bolsonaro (em resposta a uma pergunta de Ciro Gomes): “Nós estamos colaborando na geração de empregos. Muitos diziam que apenas a partir do ano que vem voltaríamos aos números de pré-pandemia; voltamos agora. Pode ter certeza que o mês que vem devemos ter essa taxa chegando a 8%. O nosso PIB está crescendo. Nós fizemos milagre durante a pandemia. Lamentamos as mortes, mas investimos para que empregos não fossem destruídos, como os programas Pronampe e Bem. Atendemos os mais necessitados. Temos aqui dados do próprio Ipea, levando-se em conta o começo do meu governo, 2019, até agora: no mundo, o número de famílias na extrema pobreza cresceu, e no Brasil diminuiu — passou de 5.1 milhões para 4 milhões”.

Auxílio emergencial

No segundo bloco do debate, o diretor nacional de conteúdo da Band, Rodolfo Schneider, colocou os favoritos à corrida presidencial frente a frente novamente com uma pergunta sobre o Auxílio Brasil.

Bolsonaro disse que vai manter o valor a partir do ano que vem. “Até o ano passado era de 192 reais, em média. Nós passamos para 400, de forma definitiva, contra o voto do PT na Câmara. Ato contínuo, nós, nesse ano, por uma PEC, acrescentamos 200 reais até o final do ano. Ou seja, no momento o Auxílio Brasil é de 600 reais. E nós vamos manter esse valor a partir do ano que vem. Logicamente, esse auxílio se aproxima do mínimo necessário para pessoa sobreviver, sair da linha da pobreza de forma mais concreta. Onde retirar dinheiro? Tenho acertado com a equipe econômica e conversado, dentro da responsabilidade fiscal". 

Lula questionou a promessa de Bolsonaro e disse que a extensão do auxílio não está prevista no orçamento enviado ao Congresso. “A manutenção dos 600 reais não está na LDO, que foi mandada para o Congresso Nacional. Ou seja, significa que existe uma mentira no ar. Não está na LDO a manutenção de 600 reais. A segunda coisa que é inverdade, é que o PT, já faz dois anos que o PT tem reivindicado os 600 reais no Bolsa Família, a bancada do PT votou favorável, porque a bancada do PT acha que o povo tem que receber efetivamente esse auxílio, mas é preciso que a gente faça essa política concomitante com a política de crescimento econômico, com a política de geração de emprego, de geração de oportunidade das pessoas. Coisa que não está pensado em nenhum momento. Então, o candidato, ele adora citar números absurdos que nem ele acredita. E saber o seguinte, já vendeu a Eletrobras, já vendeu a BR, tá fatiando a Petrobras, privatizou a BR.”

Direitos de resposta

Bolsonaro e Lula tiveram direitos de resposta ao longo do debate. 

Bolsonaro se defendeu após menções ao orçamento secreto, à pandemia e ao sigilo de 100 anos. “Que moral tu tem pra falar de mim, ô ex-presidiário? Nenhuma moral. Sigilo de 100 anos: uma lei lá do tempo da Dilma para as questões pessoais, meu cartão de vacina ou quem me visita no Alvorada. Nada mais além disso.

Lula rebateu em seu direito de resposta o termo "ex-presidiário", usado pelo atual presidente para se referir a ele. “Eu estou muito mais limpo do que ele ou qualquer outro parente dele. Porque fui julgado, considerado inocente pela Suprema Corte, pela primeira instância da ONU [Organização das Nações Unidas], pela segunda instância plena da ONU.

Considerações finais

Nas considerações finais, Lula mencionou as obras do atual governo. “Eu estou muito tranquilo porque eu pensei falar de obras públicas que eu fiz aqui, mas eu tão medíocre o Brasil de obras hoje que não vou falar para não humilhar quem está governando o Brasil”.

Em resposta, Bolsonaro atacou Lula por apoiar os governos de Hugo Chavez e Nicolas Maduro na Venezuela, e por apoiar governos da Argentina, Chile, Colômbia e Nicarágua que teriam levado testes países a crises econômicas e políticas. E ainda criticou a aliança do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com a candidatura petista. “O que vai acontecer com o nosso Brasil se esse ex-presidiário voltar para a cena do crime, juntamente com Geraldo Alckmin, um homem religioso, católico, mas que resolveu cantar internacional socialista? É a união de tudo o que não presta no Brasil. Nós não merecemos isso para a nossa pátria.”